História dos trigêmeos que perderam mãe, tia e avó para Covid-19 agora vai parar na Justiça por conta da disputa pela guarda deles (Foto: Arquivo pessoal)
Pedro Spadoni
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A situação dos trigêmeos Pedro, Paulo e Felipe, que perderam a mãe, uma tia e a avó para a Covid-19 recentemente, ficou ainda mais complicada. Isso porque agora existe uma disputa judicial pela guarda deles, entre o tio materno Douglas Junior Faria Amaral e a tia paterna Simone Santos Ferreira.
Atualmente, as três crianças estão com o tio, que já tinha entrado com um pedido de guarda provisória. Ao jornal A Cidade, ele relatou que nunca quis que a situação chegasse ao ponto de uma "briga" na Justiça.
"Uma semana atrás, ela me ligou. Disse que tinha tido um sonho com o irmão dela [pai dos trigêmeos, que morreu no ano passado num acidente de moto], ouvido uma voz que disse que era para ela ficar com os meninos. Eu falei que tudo bem e que a gente podia ter uma guarda compartilhada. Só não queria que ela tirasse eles daqui, porque consegui escola e muitas outras coisas para eles. Ela disse que queria a guarda total deles. Eu falei que tudo bem, desde que fosse uma guarda amigável. A gente não precisa brigar", relembrou o tio das crianças.
Briga
Douglas Amaral também contou à reportagem que quando ele e sua esposa decidiram ficar com os trigêmeos, logo após a mãe deles, Ana Paula Faria, falecer por Covid, eles conversaram com o avô materno, o irmão mais velho dos meninos e a tia paterna. Na época, todos concordaram com a ideia e disseram que ele era a melhor opção, de acordo com o seu relato. Além disso, eles tinham combinado que ela poderia passar os finais de semana com as crianças.
Aproximadamente duas semanas atrás, a família abriu uma "vaquinha" virtual, no site Voaa. A meta era arrecadar R$90 mil, para construir um quarto para os trigêmeos e comprar um carro que coubesse a família toda. Após diversas reportagens sobre a iniciativa, a história e a "vaquinha" viralizaram na internet. Com isso, a arrecadação disparou. Até a noite de ontem, a família tinha arrecadado pouco mais de R$236 mil, com a contribuição de mais de 2,2 mil pessoas.
Na segunda semana da arrecadação, que a "vaquinha" já tinha angariado pelo menos mais de R$200 mil, a tia paterna entrou na Justiça para pedir a guarda das crianças.
"De repente, ela começou a me ligar, falando que eu estava explorando os meninos. Parecia que ela queria puxar briga, só que eu sempre me esquivei. A gente já dispensou muitas matérias e entrevistas por eles não quererem. Quando eles gravaram, foi com consentimento. Nada foi forçado. Eu sempre conversei com eles. Se eles falassem que não queriam gravar e que queriam brincar, então não gravava de jeito nenhum. Sempre deixamos a critério deles e nunca os exploramos", relatou Douglas Amaral.
Ele também questionou sobre o fato da tia pedir pelo congelamento dos bens dos pequenos. Segundo o tio materno dos trigêmeos, esse detalhe fez ele e a esposa ficarem pensativos. "Por que ela quis bloquear os bens dos meninos? Se ela bloqueou, é porque ela está afim daquele dinheiro, não dos meninos", disse.
Além disso, Simone chegou a afirmar que Douglas estaria afastando as crianças do seu convívio familiar ao trazê-los para Votuporanga, onde mora com a sua esposa e sua filha pequena, de um ano. Isso porque antes da tragédia na família, eles moravam em Parisi. "Ela falou que eu tirei eles do convívio da família. Eles perderam a família. De que convívio eu tirei eles?", questionou.
Outro lado
Além dessa questão do convívio familiar, Simone alega que ficou incomodada com a exposição das crianças na mídia. Ela também disse que as entrevistas impediam que ela ficasse com eles aos finais de semana.
A reportagem tentou entrar em contato com a defesa de Simone, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.