Tassiany Chiuchi Araújo é enfermeira há dez anos, trabalha na Santa Casa há oito e atua na ala Covid há mais de um ano
Enfermeira contou ao jornal A Cidade como é sua rotina e como está sendo passar por esse contexto tão diferente do que tinha enfrentado até então (Foto: Arquivo pessoal)
Franclin Duarte
franclin@acidadevotuporanga.com.br
Neste sábado (1º) é comemorado em todo o Brasil e em alguns outros países pelo mundo o Dia do Trabalhador. A data foi escolhida em homenagem ao esforço dos trabalhadores dos Estados Unidos, que, num sábado, 1º de maio de 1886, foram às ruas das maiores cidades do país para pedir a redução da carga horária e melhores condições de trabalho.
Para se ter uma ideia, era comum que, naquela época, as pessoas trabalhassem 100 horas por semana, o equivale a uma média de 16 horas por dia, em seis dias da semana. Depois das manifestações, a carga horária caiu para 8 horas diárias.
A luta por direitos trabalhistas dos americanos logo ganhou o mundo. Em 1890, os europeus também passaram a fazer manifestações e greves no dia 1º de maio. Atualmente, o Dia do Trabalhador é celebrado em mais de 80 países, inclusive o Brasil, onde se tornou feriado nacional desde 1925.
Para celebrar a data, o jornal
A Cidade preparou uma reportagem especial com pessoas que, literalmente, arriscam suas vidas para desempenhar suas funções. São votuporanguenses que todos os dias encaram uma profissão de risco para levar o sustento para casa. Confira:
Enfermeira da Santa Casa
Em tempos de pandemia de um vírus transmitido tão facilmente, como é o caso do coronavírus, a enfermagem se torna uma área ainda mais arriscada. Isso porque os enfermeiros das alas Covid dos hospitais trabalham na linha de frente do combate à doença. Consequentemente, eles passam o dia "cara a cara" com esse vírus, que já ceifou quase 300 vidas em Votuporanga.
É o caso da enfermeira Tassiany Chiuchi Araújo, que trabalha na área há dez anos, na Santa Casa do município há oito e, atualmente, atua na ala Covid do hospital votuporanguense. Ela contou ao jornal A Cidade como é sua rotina e como está sendo passar por esse contexto tão diferente do que tinha enfrentado até então.
"A Covid [exige] uma paramentação de alto risco mesmo. A gente, antes de entrar lá, toma banho, se paramenta, coloca outra roupa, e depois, para ir embora, é a mesma coisa. Tira aquela roupa, toma outro banho, coloca nossa roupa e vem para casa", relatou.
Sobre o dia-a-dia no trabalho, ela disse que "não é fácil" e que vive "um dia de cada vez". "Tem dia que está tudo de ponta cabeça e é uma correria. Tem dia que está um pouco mais tranquilo, mas ainda assim é oxigênio que sobe, oxigênio que abaixa. É muito corrido o tempo todo. Cada dia é uma história nova. Cada paciente é uma história nova. Cada vida ali é uma caixinha de surpresas", disse a enfermeira.
A enfermeira também comentou sobre os diferentes tipos de risco aos quais um profissional da linha frente fica exposto no trabalho. "Tem a exposição biológica, do vírus, e a emocional. A gente volta totalmente desestabilizado para casa. Muitas vezes a gente chora em casa para não chorar lá dentro. Mas a gente vai lutando com o que tem. E pedindo sempre para Deus nos ajudar", afirmou.
*Colaborou Pedro Spadoni
A rotina no trabalho não foi a única a ser afetada pela pandemia. Ela contou que sua vida pessoal e convívio familiar também mudaram do ano passado para cá.
"Até chegar em casa é diferente. Quando a gente chega, já tem que deixar a roupa ali no fundo, para não entrar em casa com a mesma roupa. Tudo com muita cautela. A gente só se aproxima das pessoas que moram na mesma casa depois que tomou banho. Em relação a família, faz um ano que não vejo eles. A gente acaba só se falando por telefone ou chamadas de vídeo. É uma consequência do risco que eu estou exposta", disse.