Segundo a defesa de Simone Ferreira, a mãe dos trigêmeos pediu, antes de morrer de Covid-19, para que a tia cuidasse das crianças
Simone entrou com processo na Justiça pela tutela dos trigêmeos, que estão com o tio materno, Douglas Amaral, em Votuporanga (Foto: Arquivo pessoal)
Pedro Spadoni
pedro@acidadevotuporanga.com.br
A defesa de Simone Ferreira, tia paterna dos trigêmeos de Parisi - que perderam mãe, tia e avó para a Covid no começo deste ano - disse, em nota para a imprensa, que sempre foi desejo dela ficar com as crianças.
"A motivação principal da Sra. Simone Ferreira para lutar pela tutela dos menores é para que eles retornem a sua cidade natal e sejam acolhidos com muito amor no seio familiar onde nasceram, cresceram e foram muito bem criados e educados, visando desta forma resguardar o melhor interesse para os menores órfãos neste difícil momento de dor e luto que estão passando", disse a defesa, em nota.
O caso
Recentemente, Simone entrou com um processo na Justiça pela tutela dos trigêmeos, que atualmente estão com o tio materno, Douglas Junior Faria Amaral, em Votuporanga.
Após acolher as crianças, ele conseguiu arrecadar R$237 mil numa vaquinha virtual, cujo objetivo, segundo ele, foi angariar recursos para a construção de um quarto para as crianças e para a família conseguir comprar um carro em que coubesse todo mundo.
A defesa
De acordo com a defesa da Simone, ela buscou auxílio jurídico para entrar com o processo pela tutela dos trigêmeos 15 dias após o falecimento da mãe deles, Ana Paula Faria, que ocorreu no dia 16 de abril. Ela precisou esperar esse tempo por conta do protocolo sanitário de isolamento, por ter prestado auxílio direto a Ana Paula.
A defesa também informou que Simone propôs a ação de tutela dos trigêmeos de acordo com o artigo 36 da Lei nº 8.069/90, conhecido como Estatuto da Criança e do Adolescente. O artigo assegura o direito de representação legal, para todos os atos da vida civil, para menores de 18 anos.
Segundo o advogado da tia dos trigêmeos, Emerson Paulo Silva e Santos, até o presente momento as crianças se encontram sem nenhuma representação legal, porque Douglas Faria não possui decisão judicial ou do Conselho Tutelar de Parisi para responder em nome deles, permitir o uso da imagem deles em veículos de comunicação e autorizar a retirada das crianças da cidade onde nasceram e sempre residiram.
"Importante notar ainda que em nenhum momento houve a anuência por parte da Sra. Simone Ferreira da tutela definitiva os trigêmeos ficar com o Sr. Douglas Faria, tendo em vista que sempre foi desejo dela ficar com as crianças, em atendimento ao pedido feito pela mãe dos menores que, antes de morrer, quando ainda estava no hospital, pediu expressamente que a Sra. Simone Ferreira cuidasse dos meninos caso acontecesse algo com ela", disse a defesa, em nota.
Outro ponto esclarecido pela defesa foi o pedido de Simone pelo bloqueio dos bens dos trigêmeos. "Esse bloqueio foi feito para que as crianças usem essa quantia na maioridade. É importante esclarecer que o pai das crianças era registrado na Facchini, então [elas] já recebem uma pensão. A mãe era funcionária pública da Prefeitura de Parisi, então ela também tem essa pensão. A tia tem o entendimento que não há necessidade dele [o Douglas] expor a imagem das crianças na mídia como se fossem filhos de ninguém. Porque o pai e a mãe deixaram eles amparados", explicou o advogado.