Leilão integra pacote de desinvestimentos imobiliários e coincide com queda histórica de 60% nos lucros da instituição financeira
Prédio do Banco do Brasil da rua Amazonas, em Votuporanga, vai a leilão no próximo dia 26 por R$ 6,8 milhões (Foto: A Cidade)
Franclin Duarte
franclin@acidadevotuporanga.com.br
O prédio da agência central do Banco do Brasil de Votuporanga, na rua Amazonas esquina com a Alagoas, vai a leilão no próximo dia 26. O imóvel, avaliado em mais de R$ 6,8 milhões será vendido e posteriormente o próprio banco pagará aluguel ao comprador do local que antes lhe pertencia.
O edital estabelece aluguel mensal inicial de R$ 44.532, além de determinar que o arrematante será responsável por toda a regularização documental necessária, eventuais ajustes na matrícula, alterações cadastrais junto à Prefeitura, obtenção de novo AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros), benfeitorias no segundo andar devido a infiltrações e demais encargos relacionados à adequação do prédio. O documento também informa que há obras em andamento realizadas pelo banco dentro da agência.
A venda do prédio em Votuporanga ocorre em meio a uma estratégia nacional de desinvestimento imobiliário do Banco do Brasil, que inclui a alienação ou locação de volta de outros 64 imóveis utilizados pela instituição em diversas regiões do país. Parte dessas operações envolve modelos de “sale and leaseback”, nos quais o banco vende o prédio, continua a utilizá-lo e assume o pagamento do aluguel.
Este movimento de alienação de imóveis, em geral, está alinhado com práticas de desalavancagem ou liberação de capital em instituições financeiras, sobretudo em períodos de queda de resultados. Em 2012, por exemplo, o Banco do Brasil vendeu outros 64 ativos para um fundo imobiliário, arrecadando R$ 705,9 milhões. Documentos ligados ao fundo imobiliário BBPO11 mostram esse tipo de movimentação envolvendo dezenas de agências e prédios corporativos do banco.
O leilão também coincide com um momento de forte pressão financeira sobre o Banco do Brasil. No terceiro trimestre de 2025, o lucro líquido ajustado da instituição caiu 60,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, somando R$ 3,785 bilhões.
Além disso, o banco revisou para baixo sua projeção de lucro para o ano, reduzindo a expectativa para o intervalo entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões. A junção da queda expressiva nos resultados com a venda de dezenas de imóveis em todo o país, incluindo o prédio de Votuporanga, cria um cenário de atenção no mercado.
As operações de venda com locação obrigatória garantem renda ao comprador, mas expõem a dependência da saúde financeira do banco para continuidade desses contratos. Para investidores, o modelo oferece previsibilidade, porém exige cautela diante do momento de retração nos lucros da instituição.
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A Cidade, o Banco do Brasil confirmou que segue a estratégia mercadológica de desimobilização de seus ativos, mas afirmou que o modelo descrito não afeta funcionários ou clientes do banco.