Na data marcada pelas homenagens aos que atuam na linha de frente do combate ao vírus, mais 39 foram afastados com suspeita da doença
Fernanda é enfermeira da ala Covid. Depois de ser internada ela voltou a trabalhar no local (Foto: Arquivo pessoal)
Franclin Duarte
franclin@acidadevotuporanga.com.br
Na quarta-feira (7) foi celebrado o Dia Mundial da Saúde, data instituída pela Organização Mundial da Saúde para promover a conscientização das pessoas sobre a importância de equilibrar o bem-estar físico, mental e social. Em razão da pandemia do coronavírus, porém, muitos aproveitaram a oportunidade para homenagear os profissionais da área que atuam na linha de frente do combate ao vírus, muitas vezes colocando a própria vida em risco.
E quando se fala em colocar a própria vida em risco, é no sentido literal da frase. No mesmo dia em que a data era celebrada, o Boletim Epidemiológico da Secretaria da Saúde apontou que mais de 600 profissionais da área (645 no total) já haviam sido infectados pelo vírus.
Foi o que aconteceu com a enfermeira Fernanda Bueno Medeiros, de 28 anos, logo no início da pandemia. Ela atua na ala isolada para pacientes com Covid-19 e, em entrevista ao A Cidade, relatou os momentos angústia que passou ao se tornar uma paciente em seu próprio local de trabalho.
“Era tudo muito novo ainda e fui uma das primeiras da área a ser contaminada. Foi um susto muito grande, pois todos nós da ala tomávamos muito cuidado, seguíamos todas as orientações e víamos de perto o que a doença estava fazendo com as pessoas. Foi um momento muita angústiadiante do medo que poderia acontecer”, contou.
Fernanda chegou a ficar oito dias internada e teve 60% de seu pulmão comprometido pelo vírus. Após apresentar melhora ela recebeu alta para terminar os cuidados em casa e aí veio outro medo: o de transmitir a doença para sua família.
“Nosso principal medo sempre foi de passar para as pessoas que a gente ama. Então quando fui para casa foi todo um cuidado, mês pais só me viam para entregar a comida pela janela. Felizmente ninguém em casa pegou até hoje”, completou. Depois do tratamento e recuperação, a enfermeira voltou para o seu trabalho na ala para pacientes com Covid-19, onde atua até hoje.
Pelo menos outros dois profissionais da saúde não tiveram a mesma “sorte” que Fernanda, no entanto. A primeira da área a falecer em decorrência de complicações da doença foi Isabel Maria Pereira, de 51 anos, no dia 10 de agosto do ano passado.
Bel, como era conhecida, era técnica de enfermagem na Santa Casa há mais de 15 anos e não resistiu depois de mais de 26 dias internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do próprio hospital onde trabalhava.Apesar de não estar em contato direto com pacientes da Covid-19, já que ela atuava no setor de maternidade, Bel apresentou os primeiros sintomas em 5 de julho e teve complicações em decorrência da diabetes e outras comorbidades que a acometiam.
Suspeita
Além dos que já tiverem o resultado positivo para a doença, outros 39 estão afastados do trabalho após apresentarem sintomas e serem submetidos ao teste.