Para tratar do assunto vício em jogos, o jornal A Cidade conversou com Isabela Lima, psicóloga especialista em terapia cognitivo comportamental.
Isabela Lima, psicóloga especialista em terapia cognitivo comportamental (Foto: Santa Casa)
Como a pessoa detecta se está ou não viciada em cassinos online?
O vício em jogos, assim como em qualquer outro vício, pode ser identificado quando a pessoa começa ter prejuízos na sua vida pessoal, familiar, profissional e financeira. Perdendo o controle sobre o tempo e o dinheiro gasto. Alguns sinais comuns são: a necessidade de jogar quantias cada vez maiores para sentir a mesma "emoção", tentativas frustradas de parar ou reduzir o jogo, mentir para pessoas próximas sobre o quanto tem jogado, e usar o jogo como uma forma de escapar de problemas ou emoções difíceis. Quando o jogo deixa de ser uma diversão e passa a causar sofrimento, é um alerta importante.
Caso detecte que está viciada, qual a primeira medida da fazer?
A primeira medida está na aceitação, reconhecer que aquele comportamento é um vício e que um vício gera adoecimento. A partir disso, é importante criar barreiras práticas e imediatas para interromper o acesso ao jogo, como excluir aplicativos, bloquear sites e evitar situações que incentivem o comportamento. Além disso contar com rede de apoio, e iniciar novas atividades na rotina, para preencher um espaço ocioso com uma atividade funcional. Também é fundamental refletir sobre o que está por trás desse impulso: o jogo geralmente vem como uma tentativa de aliviar ansiedade, estresse ou frustrações. Por isso, o cuidado emocional é tão importante quanto o bloqueio técnico.
Se a pessoa não conseguir parar sozinha, o que ela deva fazer?
Buscar ajuda é o melhor caminho, converse com uma pessoa próxima de confiança ou busque diretamente ajuda de um profissional da psicologia. A psicoterapia, especialmente com abordagem cognitivo-comportamental, é bastante eficaz no tratamento da dependência em jogos. O terapeuta vai ajudar a identificar os gatilhos, trabalhar os pensamentos disfuncionais ligados ao jogo e desenvolver estratégias de enfrentamento mais saudáveis. Em alguns casos, pode ser necessário também o acompanhamento psiquiátrico. Vale lembrar que pedir ajuda não é sinal de fraqueza, é sinal de responsabilidade consigo mesmo.
Quais dicas você daria pra quem está viciada em cassinos online?
Reconheça o problema sem culpa, é comum sentir vergonha, mas o vício é uma condição tratável e não um fracasso pessoal. Busque apoio de pessoas de confiança que vão te incentivar a buscar um novo caminho ou profissionais como psicólogos e psiquiatras. Evite gatilhos, como páginas de jogos em redes sociais, grupo de pessoas com o mesmo hábito, aplicativos de jogos, caso possível um detox digital é até indicado. Estabeleça uma rotina mais saudável, com atividade física, hobbies, autocuidado, tempo de qualidade com pessoas importantes. E tenha autocompaixão, paciência com seu processo, sair de um vício é um caminho de altos e baixos, mas é totalmente possível se você persistir.