Grupo Rosa Mística propõe parceria para destinação digna de animais, evitando aterro sanitário e incineração com lixo
Rolandinho Nogueira, do Grupo Rosa Mística, concedeu ontem entrevista à Cidade FM sobre os estudos para o convênio (Foto: A Cidade)
Franclin Duarte
franclin@acidadevotuporanga.com.br
Após a polêmica envolvendo a proposta que tramitou na Câmara Municipal para sepultar animais nas mesmas sepulturas que humanos nos cemitérios de Votuporanga, o empresário Rolandinho Nogueira, anunciou, em entrevista ontem à
Cidade FM, que o Grupo Rosa Mística mantém tratativas com a Prefeitura de Votuporanga para estudar um convênio que permita a cremação de animais domésticos recolhidos pelo município. A proposta é substituir o envio para o aterro sanitário ou incineração junto a resíduos, prática comum atualmente, por um processo individualizado e ambientalmente seguro.
Segundo Rolandinho, o custo para o município seria equivalente ao já gasto com a destinação atual. “A diferença é que o animal não seria tratado como lixo. A cremação oferece dignidade e elimina riscos à saúde pública, como a proliferação de doenças”, afirmou. Ele citou como exemplo a leishmaniose, que pode permanecer ativa mesmo após a morte do animal.
O Pet Home Crematório, empresa do Grupo Rosa Mística, está instalado ao lado do Cemitério Parque Jardim das Flores e possui estrutura para velórios e cerimônias de despedida. O serviço também está disponível para clientes particulares, com planos a partir de R$ 9,90 mensais, que incluem remoção do animal e cremação. Há modalidades individual e coletiva, sendo esta última de custo mais baixo e semelhante ao que seria aplicado em contratos com prefeituras.
O empresário destacou que a prática é comum em países como os Estados Unidos, onde cerca de 90% dos animais recebem cremação. O Brasil, segundo ele, possui a segunda maior população pet do mundo, atrás apenas dos EUA, o que reforça a demanda por esse tipo de serviço.
“Não podemos tratar um animal de estimação como lixo após sua morte. Ele fez parte da família e merece um destino final digno”, concluiu.
Mais negócios
Além do crematório pet, o Grupo Rosa Mística mantém outros negócios no município e no país. Um deles é a Bruker Fornos Crematórios, instalada em Votuporanga e responsável por cerca de 90% dos equipamentos em funcionamento no Brasil.
“É a primeira fábrica do segmento no país, totalmente desenvolvida aqui. Exportamos para a América do Sul e já iniciamos vendas para a Europa. Hoje temos fornos instalados na Argentina, Costa Rica, Uruguai, Colômbia e Portugal”, destacou.
Outro braço do grupo é a telemedicina, que funciona 24 horas por dia em todo o Brasil, com atendimento em 23 especialidades. “A pessoa pode comprar o plano até nos Correios. Recebe um link, instala o aplicativo no celular e fala diretamente com o médico. Se for necessário, recebe a receita digital válida para compra de medicamentos”, disse Nogueira.
O valor inicial é de R$ 29,90 para atendimento familiar. O serviço inclui ainda televeterinária. “O tutor também pode ter atendimento online para o pet, o que ajuda muito em emergências”, completou.
O grupo também prepara a implantação em Votuporanga de salas de cerimônia com projeção mapeada e holografia, conceito inspirado em modelos norte-americanos. “É um espaço em que o ambiente se transforma conforme a história do homenageado — pode ser uma praia, um campo, um rio. É a última oportunidade de celebrar a vida daquela pessoa com algo personalizado e emocionante”, explicou.
Para Rolandinho, o objetivo comum em todas as iniciativas é democratizar o acesso a serviços de qualidade. “Sempre buscamos soluções que alcancem toda a população, com respeito e dignidade. Seja no atendimento médico, na despedida de um ente querido ou de um animal de estimação, acreditamos que esses momentos merecem cuidado especial”, concluiu.
Relembre a polêmica
Para recordar, a polêmica sobre o assunto começou após o vereador Emerson Pereira (PSD) protocolar na Câmara um projeto que busca autorizar o sepultamento de animais domésticos (cães e gatos) em cemitérios públicos e privados da cidade. A iniciativa, de acordo com o autor, atende a uma demanda crescente da população, que enxerga os bichos como parte da família.
A proposta autoriza o sepultamento de animais em sepulturas, lóculos, gavetas, carneiros ou em espaços específicos a serem criados nos cemitérios. Caso o projeto seja aprovado, os tutores poderão optar por sepultar seus pets junto às sepulturas da própria família, desde que estas sejam perpétuas.
Após a proposta ser divulgada pelo
A Cidade, o tema gerou ampla discussão na cidade e nas redes sociais. Em meio às discussões o vereador Serginho da Farmácia (PP) utilizou parte de seu tempo na tribuna da Câmara para manifestar sua contrariedade ao projeto e dizer que a iniciativa é inaceitável e que jamais permitiria que um animal fosse sepultado no mesmo cemitério que seus avós.
“Não vou aceitar enterrar um animal no mesmo túmulo onde está meu avô, onde pretendo enterrar meu pai, meu filho, enfim. Não aceito. Sou a favor de criarmos uma lei, com o apoio da iniciativa privada, para a criação de um cemitério pet. Aí sim, tudo bem, cada um no seu espaço. Mas jamais aceitarei colocar um cachorro no mesmo túmulo dos meus avós. Não admito esse tipo de situação. Respeito a opinião de todos, mas essa é a minha”, concluiu.
Desde então o projeto não teve mais andamento na Câmara Municipal.