De acordo com o economista Juny Figueiredo, no entanto, empresários locais precisam ficar atentos aos efeitos indiretos da taxação
Estados Unidos é responsável “apenas” por 4% da exportação de Votuporanga (Foto: Agência Brasil)
Franclin Duarte
franclin@acidadevotuporanga.com.br
A tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil começou a valer oficialmente ontem. Com uma exportação de “apenas” U$$ 1,6 milhão por ano ao mercado norte-americano, no entanto, Votuporanga não deve sentir um grande impacto direto da taxação, mas os empresários locais devem ficar atentos aos possíveis efeitos indiretos da medida, conforme alerta o economista votuporanguense Juny Figueiredo.
De acordo com dados do Ministério da Indústria e Comércio, Votuporanga exportou pouco mais de US$ 41 milhões (aproximadamente R$ 223 milhões) ao longo de 2024. Desse total, apenas 4,03% tiveram como destino os Estados Unidos. Em 2025, até o mês de agosto, os números são ainda mais modestos: cerca de US$ 212 mil (pouco mais de R$ 1 milhão), o que reforça a baixa representatividade do país de Trump nas exportações do município. “Essa participação reduzida indica um impacto direto muito limitado do tarifaço americano sobre a economia local, ao menos no curto prazo”, explicou o economista.
Os principais parceiros comerciais de Votuporanga em 2024 foram Singapura, com mais de US$ 14 milhões em importações de produtos do município; a China, com US$ 10,1 milhões; e o Chile, que adquiriu mais de US$ 2,3 milhões em mercadorias votuporanguenses. Os Estados Unidos ocupam apenas a sétima posição no ranking de destinos das exportações locais.
Alerta
Indiretamente, porém, a cidade deve ser sim impactada, alerta Juny. Segundo ele, o tarifaço afeta diretamente setores como siderurgia e metalurgia; agroindústria; celulose e papel; petróleo e derivados; e produtos industrializados de valor agregado. Votuporanga possui ligação indireta com alguns desses setores, especialmente através do setor metalúrgico e da produção agrícola regional, que integra cadeias produtivas exportadoras.
“Mesmo com baixa exposição direta, Votuporanga pode sofrer efeitos indiretos, como: aumento nos custos de insumos industriais e agrícolas; redução de encomendas em empresas locais ligadas a setores exportadores; insegurança no ambiente de negócios, afetando decisões de investimento; e diminuição de fluxo logístico para setores integrados à exportação”, alertou.
Diante desse cenário, o economista Juny Figueiredo recomenda que empresários e produtores de Votuporanga adotem medidas como: buscar novos países compradores; investir em produtos processados ou diferenciados; unir forças em cooperativas e consórcios exportadores; adotar novas tecnologias e processos produtivos; utilizar programas como BNDES, Desenvolve SP e Pronaf e utilizar apoio da ApexBrasil, InvestSP e Ministério da Agricultura.
“Embora Votuporanga tenha baixa exposição direta ao comércio com os EUA, o tarifaço pode gerar consequências indiretas relevantes. É fundamental que o setor produtivo local esteja atento aos desdobramentos e atue com visão estratégica, investindo em inovação, integração a novas cadeias globais e diversificação de destinos comerciais”, concluiu.