Em encontro com lideranças em Votuporanga, Jorge Lima defendeu a atuação estratégica com foco nas vocações locais
Em encontro com lideranças em Votuporanga, Jorge Lima defendeu a atuação estratégica com foco nas vocações locais (Foto: A Cidade)
Franclin Duarte
franclin@acidadevotuporanga.com.br
O secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, Jorge Lima, participou ontem de um encontro com empresários, lideranças políticas e representantes da sociedade civil de Votuporanga. Durante sua fala, Jorge Lima apresentou a proposta do governo estadual de tratar São Paulo com a complexidade de um país, dada sua relevância econômica e defendeu um plano regionalizado de desenvolvimento.
O evento, realizado no auditório da ACV (Associação Comercial), contou com a presença do prefeito Jorge Seba, dos deputados estaduais Danilo Campetti (Republicanos) e Carlão Pignatari (PSDB), além de vereadores e representantes de diversos setores produtivos da região.
Segundo o secretário, o estado concentra 31% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional, 22% da população, 47% do volume de vendas do Brasil e uma das melhores logísticas do mundo. A partir dessa concepção, o plano de desenvolvimento vem sendo estruturado com base em 16 regiões administrativas, cada uma tratada como se fosse um estado independente, com vocações e desafios próprios.
O secretário destacou que, até o momento, já visitou mais de 400 cidades, incluindo Votuporanga, apresentando as diretrizes do plano estadual e mobilizando agentes locais. Para cada grupo de cerca de 40 municípios, um diretor regional é responsável por dialogar com empresários e lideranças. “O desenvolvimento econômico é movido pelo setor privado. O papel do poder público é oferecer política pública, viabilidade e acesso ao financiamento”, afirmou.
De acordo com Jorge Lima, Votuporanga se destaca pelo Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), de 0,79 — considerado padrão europeu — e por uma renda per capita em torno de R$ 40 mil. Ele ainda classificou o município como um dos 20 melhores do Estado, apontando características únicas, em seu ponto de vista.
“Votuporanga tem o terceiro PIB da região e talvez seja a cidade com maior moral que eu conheço. Eu rodei a cidade hoje e está linda, confesso que assustei e considero hoje essa cidade como uma das 20 que mais me encantam. A cidade está extremamente linda, adoro o paisagismo dela e quando a cidade está assim ela atrai o desenvolvimento”, afirmou.
Lima, no entanto, apontou a necessidade de diversificação do parque industrial local, que hoje tem forte concentração nos setores alimentício e moveleiro. O secretário ressaltou ainda que a proposta do governo estadual inclui o fornecimento de ideias, linhas de financiamento e estrutura pública para impulsionar os investimentos, cabendo a cada município identificar e potencializar suas vocações econômicas.
Impactos do tarifário dos EUA
Durante o evento, Jorge Lima também comentou os efeitos do novo tarifário adotado pelos Estados Unidos, que preocupa o setor produtivo brasileiro, especialmente em São Paulo. Segundo ele, ainda não é possível dimensionar com precisão os impactos, uma vez que as cadeias produtivas são amplas e interdependentes.
“O efeito não se dá apenas na empresa que exporta diretamente, mas em toda a cadeia que fornece para ela. Se uma montadora deixa de produzir, ela para de comprar aço, mangueiras, componentes. É uma reação em cadeia”, explicou.
Lima observou que setores mais expostos à exportação, como o de máquinas e equipamentos, já demonstram preocupação. Empresas que dependem majoritariamente do mercado externo enfrentam riscos imediatos. “Uma companhia que tem 90% da receita vinda de exportações não consegue se reestruturar em dois ou três meses. Não há mágica”, comentou.
Para mitigar os impactos, o governo estadual vem trabalhando, segundo ele, com alternativas como programas de capital de giro, linhas de crédito e flexibilização no uso do ICMS. Ainda assim, Jorge Lima destacou que as tratativas para reverter ou reduzir as tarifas dependem exclusivamente de negociações entre os governos federais do Brasil e dos Estados Unidos, uma vez que não há espaço para acordos estaduais nesse tipo de política comercial.
O secretário finalizou com um alerta aos empresários sobre a importância da diversificação da carteira de clientes. “Na minha trajetória como executivo, nunca deixei que um único cliente representasse mais de 25% do faturamento de uma empresa. Quando se concentra demais, qualquer oscilação pode ser fatal”, afirmou.