Em todo Brasil, 209 casos estão em investigação após ingestão de bebidas alcoólicas falsas e outros 16 casos foram confirmados
Votuporanga possui histórico de venda de bebidas alcóolicas falsificadas, o que eleva o grau de alerta para intoxicações (Foto: Divulgação)
Franclin Duarte
franclin@acidadevotuproanga.com.br
Votuporanga tem um longo histórico de comercialização de bebidas falsificadas. Só no mês passado, a Polícia Civil, por meio da Dise (Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes), apreendeu mais de 70 garrafas de destilados adulterados durante uma festa de casamento. Mesmo assim, pelo menos até o momento, não há registros de internações por suspeita de intoxicação por metanol no município.
A informação foi confirmada ao
A Cidade pela Santa Casa de Votuporanga, que, além do hospital, também é responsável pela administração da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e do Mini Hospital do Pozzobon. O questionamento foi feito pela reportagem diante do estado de alerta em que o Brasil se encontra após a confirmação de internações de pacientes com quadros graves e até mortes em razão da intoxicação provocada pelo consumo de bebidas falsificadas.
De acordo com o Ministério da Saúde, o país tem 209 casos em investigação de intoxicação por metanol. Em todo o território nacional, são 16 casos confirmados, sendo 14 em São Paulo e dois no Paraná. As informações são enviadas pelos estados e consolidadas pelo Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde Nacional.
O estado de São Paulo responde pela maioria das notificações, com 14 casos confirmados e 178 em análise. Ao todo, 13 estados têm registros — Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pernambuco, Paraná, Rondônia, São Paulo, Piauí, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraíba e Ceará. Os estados da Bahia e do Espírito Santo tiveram os casos registrados descartados. Já o Ceará notificou o primeiro caso suspeito.
Até o momento, o país contabiliza 15 óbitos, com duas mortes confirmadas em São Paulo. As demais (13) estão sob investigação — sete em São Paulo, três em Pernambuco, uma no Mato Grosso, uma no Ceará e outra na Paraíba.
Emergência
A intoxicação por metanol é uma emergência médica de extrema gravidade. A substância, quando ingerida, é metabolizada pelo organismo em compostos tóxicos (como formaldeído e ácido fórmico), que podem levar à morte.
Os principais sintomas da intoxicação são: visão turva ou perda de visão (podendo evoluir para cegueira) e mal-estar generalizado (náuseas, vômitos, dores abdominais, sudorese).
Em caso de identificação dos sintomas, procure imediatamente os serviços de emergência médica. É fundamental identificar e orientar possíveis contatos que tenham ingerido a mesma bebida, recomendando que busquem o quanto antes um serviço de saúde para avaliação e tratamento adequados.
A demora no atendimento e na identificação da intoxicação aumenta a probabilidade de desfecho mais grave, com o óbito do paciente.
O histórico perigoso de Votuporanga
Como mencionado, Votuporanga possui um histórico preocupante de venda de bebidas alcoólicas falsificadas. Além da apreensão de setembro, quando um conhecido organizador de eventos foi preso com dezenas de garrafas adulteradas, em março a DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Votuporanga chegou a fechar uma fábrica de destilados ilegais, em uma operação batizada de “Selo Seguro”.
Na ocasião, foram cumpridos mandados não só na cidade, mas também em Nhandeara, Valentim Gentil e Rio Preto. Uma pessoa foi presa, dezenas de garrafas com bebidas falsificadas foram apreendidas, além de selos, lacres falsos, tampas, rótulos, essências e outros equipamentos utilizados no processo de adulteração.
Mas o problema não se restringe a este ano. Em março de 2023, uma megaoperação policial coordenada pela Dise (Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes) de Votuporanga e pelo Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado) de Rio Preto apreendeu centenas de bebidas alcoólicas falsificadas na cidade.
Os policiais da Dise apreenderam, à época, mais de 500 garrafas de bebidas adulteradas, incluindo uísque, gim e outros destilados. A quantidade de produtos ilícitos recolhidos demonstra a dimensão do esquema de falsificação e venda clandestina de bebidas na região.
Ainda em 2023, no mês de julho, foi deflagrada a “Operação Ressaca”, também pela Dise, que resultou na apreensão de mais centenas de garrafas de bebidas falsificadas, além da prisão de um homem. Na ocasião, diversos “serv festas” da cidade foram vistoriados, e em vários deles foram encontradas garrafas com produtos adulterados.