Apuração do jornal A Cidade revela a extensão da rede de tráfico na cidade; Polícia Militar afirma intensificar ações de combate às drogas
A reportagem do jornal A Cidade conversou com a Polícia Militar sobre o combate às drogas (Foto: Valmir Antonio Tiossi)
Daniel Marques
daniel@acidadevotuporanga.com.br
A presença do tráfico de drogas em Votuporanga segue sendo um dos principais desafios enfrentados pelas forças de segurança e pela comunidade. Conforme apuração da reportagem do
A Cidade, o município, com cerca de 100 mil habitantes, possui pelo menos 100 pontos de venda de entorpecentes, popularmente conhecidos como “bocas de fumo” ou “biqueiras”.
Na prática, isso significa um ponto para cada mil moradores, número expressivo para um município desse porte e que evidencia a complexidade da rede criminosa instalada. Durante semanas de levantamento, a reportagem identificou que os bairros Matarazzo, Paineiras e São João, na zona Sul, além do Santa Amélia e Pró-Povo, na zona Norte, e o São Cosme, na zona Leste, concentram alguns dos principais pontos de venda de drogas. Em determinados locais, segundo apuramos, há até 15 pessoas envolvidas simultaneamente no comércio ilegal, atuando de forma organizada para garantir a venda constante e dificultar a ação policial.
A Polícia Militar, por meio de André Renato Ferreira Navarrete, capitão PM e Comandante da 3ª Companhia do 16º BPM/I, conversou com o
A Cidade. Ele destacou que a PM tem atuado com rigor para enfraquecer essa estrutura criminosa. Segundo o capitão, os últimos dez meses foram marcados por operações mais intensas, patrulhamentos direcionados e uso ampliado de informações de inteligência.
Nesse período, foram registradas 52 ocorrências de tráfico de drogas e 10 atos infracionais análogos, resultando na prisão de 55 adultos e apreensão de 13 adolescentes. As ações também levaram à apreensão de aproximadamente 15 kg de maconha, 5 kg de cocaína, 500 g de crack e 100 g de outras substâncias ilícitas. Para a corporação, os números refletem um trabalho estratégico e contínuo. “Esses resultados demonstram o compromisso permanente da Polícia Militar em reduzir o comércio ilícito de entorpecentes e aumentar a sensação de segurança da população, atuando de forma preventiva e repressiva”, afirmou o comando.
A Polícia Militar também ressaltou que a colaboração da população é determinante para o enfraquecimento do tráfico. Segundo a corporação, há diversas maneiras pelas quais os cidadãos podem ajudar: denunciando anonimamente atividades suspeitas pelos números 181 ou 190, evitando o consumo e a compra de drogas – uma das formas mais diretas de reduzir a demanda –, orientando crianças e adolescentes sobre os riscos do envolvimento com o narcotráfico e apoiando programas preventivos, como o Proerd (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência). A PM reforça que iniciativas realizadas nas escolas, em parceria com famílias e comunidade, desempenham papel essencial na conscientização dos jovens. “A união entre comunidade e polícia fortalece o combate ao tráfico e contribui para um ambiente mais seguro e saudável”, apontou Navarrete.
Quando um ponto de venda de drogas é identificado pela Polícia Militar, o procedimento padrão envolve o cerco e a abordagem estratégica, sempre priorizando a segurança dos agentes e dos moradores. O objetivo é flagrar os envolvidos e apreender as substâncias ilícitas. Após a constatação do crime, os responsáveis são presos em flagrante e encaminhados à Delegacia de Polícia, onde ocorre o registro da ocorrência e a apresentação das provas. Em situações em que o local é monitorado ou apresenta indícios de atuação mais ampla, a PM aciona a Polícia Civil para coleta de informações adicionais, identificação de outros suspeitos e planejamento de ações táticas ou solicitação de mandados judiciais, em trabalho conjunto.
Para o cidadão comum, a orientação é clara: jamais tentar intervir ou se aproximar de uma possível biqueira. A atitude pode colocar vidas em risco e ainda comprometer investigações em andamento. O procedimento recomendado é observar com segurança, anotar informações úteis – endereço, características do local, horários de maior movimentação, descrição de suspeitos – e realizar uma denúncia anônima. Os canais disponibilizados são o Disque Denúncia 181, que garante anonimato, e o número 190, destinado a emergências e situações que exigem resposta imediata. “Essas informações são fundamentais para que a Polícia Militar e outros órgãos de segurança possam planejar e executar ações eficazes contra o tráfico de drogas”, concluiu o capitão.