Diretor disse que treinador pediu mais jogadores e desabafou: "gostaria que o torcedor desse um crédito para essa equipe"
Jociano Garofolo
garofolo@acidadevotuporanga.com.br
A Alvinegra deve reforçar
seu elenco com ao menos quatro novos jogadores. A informação foi dada pelo
diretor financeiro do Clube Atlético Votuporanguense, José Ricardo Rodrigues da
Cunha, o Mineiro, que falou à equipe Cidade de jornalismo esportivo sobre a
atual situação do clube, que anda mal das pernas nas últimas rodadas da A3, com
três derrotas seguidas. Segundo Mineiro, o pedido de reforços veio do novo
treinador, João Martins, que não se mostrou otimista com o que viu em campo,
após a derrota da última quarta-feira, contra a Internacional de Limeira.
Mineiro concedeu uma
entrevista exclusiva ao repórter esportivo Cláudio Craveiro, da Rádio Cidade 1190, que vai ao ar hoje,
durante o noticiário esportivo da emissora. Além de falar sobre os reforços,
Mineiro comentou os recentes acontecimentos que culminaram com a demissão do
técnico China, pediu apoio à torcida e deu um raio-x sobre como anda a situação
financeira do clube. O CAV volta a campo amanhã, às 16h contra o Joseense, em
São José dos Campos:
Craveiro: Como foi a
recepção do elenco ao novo treinador?
Mineiro: Foi muito boa,
mesmo porque é um treinador com experiência, vários acessos em divisões
superiores, só de conversar com ele, percebe que tem conhecimento, e esperamos
que se traduza em vitórias. As mudanças foram feitas para melhorar, pensando no
bem da Votuporanguense. Vamos torcer para que o João Martins possa fazer um bom
trabalho. Nesse primeiro jogo ele conheceu os jogadores. Contra o Joseense, com
certeza, terá condições de impor melhor o seu trabalho.
Craveiro: Como está o
clima do elenco para o jogo contra o Joseense, que será uma partida muito
difícil?
Mineiro: Olha, ninguém
gosta de estar perdendo. É difícil para o jogador, é difícil para o torcedor,
para o diretor, para quem é apaixonado pela Votuporanguense. Quando se perde, o
jogador fica triste. Eu tenho viajado com os jogadores e acompanhado, a gente
vai na euforia e, quando perde, na volta, não ouve se uma palavra no ônibus, e
olha que são seis sete horas de viagem. Para isso tem um treinador experiente
para poder motivar o time.
Craveiro: Era do
conhecimento do China, com aval dele as contratações feitas pelo Clube Atlético
Votuporanguense? Gostaria que deixasse isso bem claro:
Mineiro: Eu como diretor
financeiro nunca indiquei nenhum jogador. Nunca interferi nas contratações.
Todas foram feitas pelo cabo Valter, pelo China e pelo Magalhães. Apenas os
valores eram passados para mim. Essa é minha função, dar suporte para trazer o
jogador pedido. Mas agora falar que não pediu tal jogador, é balela. Nunca se passou
na frente de ninguém. Eu sempre disse para os órgãos de imprensa que a nossa
maior autoridade era o China. Ninguém nunca interferiu na escalação dele. Isso
é feito desde o começo do ano passado, quando o time foi vitorioso. A mesma
estrutura, disposição e forma de trabalhar do ano passado foi utilizada neste
ano. Então quer dizer que quando deu certo, teve o dedo dele, e quando não deu
certo, não teve? Ninguém é inocente. Todas as contratações passaram por cabo
Valter, Magalhães e China. Depois de iniciado os trabalhos, vieram mais um ou
dois jogadores (Luis Maranhão e Anderson), que também passaram por um consenso.
Craveiro: De quem foi a
indicação para o João Martins vir para Votuporanga? O novo treinador indicou
jogadores? Terá alguma lista de dispensa?
Mineiro: Não me lembro
quem indicou, mas conversamos com várias pessoas. Rogério de Assis, Gilbertão,
ligamos para outros treinadores, mas todas as pessoas que conversamos, entre
elas o presidente do Noroeste de Bauru, enfim, todas as pessoas que conhecemos deram
boa referência. Ele tem bom relacionamento com vários clubes. Com relação aos
reforços, ele comentou com a gente que precisa de ao menos quatro jogadores
para desequilibrar. Eu disse a ele que ele terá liberdade para trabalhar, que a
gente corre atrás do dinheiro. O que tiver ao nosso alcance para ajudar o time,
melhorar, vamos fazer. Claro que um jogo só não serve para ter uma noção.
Sabemos do potencial de cada jogador. Eu estava no jogo e posso dizer: nenhum
deles rendeu 30% do que estamos acostumados. Por isso, o treinador teve uma
impressão muito baixa sobre os jogadores. Dispensas ainda não foram
mencionadas. Outra coisa que gostaria que as pessoas entendessem é que eu estou
aqui colocando a cara para falar, mas existe uma diretoria composta por oito
membros. O CAV conta com o dr. Marinho, Marcelo do Cupim, com André Figueiredo,
com Emerson Bortolaia, diretor de imprensa, Oscar Guarizo, enfim, todas as
decisões passam por eles. Inclusive, quando teve a reunião para definir a
demissão do ex-técnico, foram 5 votos a 2, porque todos perceberam que o China
naquele momento queria sair. Seria injusto falar se ele tinha proposta, isso é
particular dele. O que percebemos é que ele não queria mais continuar pelas
declarações dele, inclusive no site Futebol Interior, que afirmou que seria um
alívio não trabalhar mais aqui.
Craveiro: Então foi isso
que mais pesou?
Mineiro: Pesou, e vou
dizer mais. A gente não pode jogar um ano e meio de trabalho fora. Muita gente
fala do técnico China, mas o acesso do ano passado veio por causa do
Andrezinho, do Wagner, do Magalhães, da diretoria, da imprensa, por causa da
torcida e por um grupo que se fechou e criou a 'família CAV'. Ninguém ganha
sozinho. Quem está ficando no clube está trabalhando por Votuporanga. O que a
gente espera é um voto de confiança e o apoio no momento certo.
Craveiro: Mineiro, como
está o momento financeiro da Votuporanguense? Terá dificuldades para contratar
mais jogadores?
Craveiro: Hoje temos uma
empresa parceira, que é o Clube Atlético Votuporanguense, na empresa. Todos os
pagamentos são feitos diretamente na conta dos jogadores, comissão técnica.
Toda despesa que sai ou que entra é registrado em nota fiscal, e com isso,
pagamos uma fortuna de encargos. Quando dispensamos o China, foram R$22 mil de
acerto, e eu tenho que correr atrás. A questão financeira está sempre no
vermelho. Daí, temos que correr atrás, fazer empréstimos. Hoje não temos
ninguém com salário atrasado. Ás vezes pode ter alguém achando que o salário é
baixo, mas atrasado, ninguém. Quem quiser saber das contas está aberto. Não
temos que esconder nada. É só ir ao escritório da CAV na rua Benjamin Constant,
está tudo lá. O negócio é transparente. Trabalho voluntariamente na
Votuporanguense. Faço pelo pedido feito a mim pelo Juninho e por que é muito
bom ver os torcedores acompanhando o time. Nossa cultura é muito crítica, as
pessoas nunca estão felizes com o que veem. Em relações as contratações, vai
trazer um gasto a mais, porém é tudo pelo clube.
Craveiro: Mais alguma
coisa que gostaria de relatar?
Mineiro: Apenas que todos
os diretores são de Votuporanga, e amam a Votuporanguense. Não estamos aqui
para atrapalhar, mas para ajudar. Então, quando se toma uma decisão, gostaria
que as pessoas entendessem que é tomada pela diretoria, e não individualmente.
Gostaria que o torcedor desse um crédito para essa equipe, porque ficamos muito
tempo sem futebol. De repente, com tantas críticas, não tem quem não cansa.
Vamos apoiar, acreditar nessa equipe que foi campeã ano passado, que tenho certeza
de que, aqueles que estiverem em campo, vão lutar para que o time fique na
divisão.