Supostas ofensas foram ouvidas por fiscal da Federação Paulista; jogador ainda não sabe se levará episódio à justiça
Jociano Garofolo
As ofensas com cunho racista de que o jogador do Clube Atlético Votupo-ranguense, Victor Jesus Dourado, o Victor Palito, alega ter sido alvo na partida contra o Independente de Limeira teriam sido testemunhadas por um fiscal da Federação Paulista de Futebol, na metade do segundo tempo. Segundo relatado pelos envolvidos à polícia, na noite da última quarta-feira (15), foram de três a quatro xingamentos de “macaco”.
O boletim de ocorrência foi registrado no Plantão Policial, mas foi censurado à imprensa. Porém, o A Cidade conseguiu obter acesso à parte do conteúdo. Como já divulgado, Victor Palito, logo após o jogo, foi acompanhado ao Plantão Policial pelo assessor de marketing do CAV, Elton Tatuí.
Já o atleta do time do Limeira acusado de ofender Palito, Tiago Souza Silveira, o zagueiro Índio, foi levado em uma viatura da Polícia Militar, acompanhado pelo treinador Álvaro Gaia, e por um integrante da diretoria até a delegacia.
O boletim de ocorrência teria sido registrado como Injúria (artigo 140). Foi relatado na unidade policial que no segundo tempo, por três a quatro vezes o fiscal da Federação Paulista de Futebol, Manoel Luis de Freitas, presenciou, entre 15 e 20 minutos do segundo tempo, xingamentos de macaco em campo. Porém, o representante da FPF não soube informar de quem veio.
Nesse momento, ainda na metade do segundo tempo, Victor Palito e outros jogadores da Votuporanguense foram falar com o fiscal denunciando a situação. Ele orientou que os jogadores relatassem a situação ao quarto árbitro. Entretanto, os atletas voltaram para a partida e somente comunicaram o fato ao final do embate, quando houve uma confusão entre as comissões técnicas.
A delegada plantonista, que avaliou o caso na noite de quarta-feira, liberou o jogador do Independente por não haver, no momento, indícios suficientes para comprovar a autoria por parte de Índio. Mas o boletim de ocorrência foi elaborado para melhor apuração dos fatos.
Sobre o episódio, o presidente do CAV, Marcelo Stringari, comentou que o jogador ainda não se pronunciou se pretende entrar com uma ação judicial contra o zagueiro Índio. “Ainda não sabemos a posição dele, mas estamos de acordo e daremos total apoio no que ele decidir. Agora ele tem seis meses para definir se leva o caso adiante ou não”, declarou.
Capitão da equipe, o goleiro Cairo conversou com a reportagem e disse que Palito ficou descontrolado após ouvir as ofensas racistas. “Ele ficou muito nervoso, estava indignado de ouvir aquilo. Conversamos com ele hoje (ontem) e ele disse que o zagueiro do Independente depois chorou e pediu desculpas na delegacia. Isso é lamentável no futebol”, afirmou o camisa 1.