Exposição pode ser gratuitamente no 10º andar do Anexo 4 até 26 de março.
O arquiteto Athos Bulcão em frente ao painel da igrejinha de Nossa Senhora de Fátima em Brasília
O Anexo 4 da Câmara dos Deputados recebe até 26 de março uma exposição com 41 obras do artista Athos Bulcão. O intuito da mostra é dar as boas vindas aos novos parlamentares, que tomaram posse no último domingo (1º). O evento pode ser visto gratuitamente, de segunda a sexta, das 9h às 17h, no 10º andar.
A exposição faz um apanhado geral das obras de Athos Bulcão. Há itens como fotomontagens, gravuras, pinturas e azulejos. A curadoria também mapeou os 12 trabalhos do artista que podem ser vistos na Câmara Federal.
“A ideia é apresentar as obras de Athos Bulcão aos parlamentares, pois a maioria é de fora. [Bulcão] é o artista mais importante da cidade”, afirma Rafaella Tamm, que divide a curadoria da mostra com Valéria Cabral.
Segundo Rafaella, o evento é uma forma de integrar os deputados, assessores, funcionários e o público em geral com a capital federal. “É uma das missões da fundação [Athos Bulcão, que tem o objetivo de divulgar e preservar as obras do artista] integrar arte e educação. Faz parte dos trabalhos, para que eles saibam de que período são as obras, o que são. Valorizar a cidade, tornar mais familiar.”
A mostra também tem quadros retratados pelo fotógrafo Edgard Cesar, com azulejos de Athos Bulcão em locais da capital, como o Parque da Cidade, Aeroporto Juscelino Kubitschek, Memorial JK, Brasília Palace Hotel e Cine Brasília. O público pode ainda ter acesso ao catálogo das obras na Câmara Federal.
Athos Bulcão nasceu no Rio de Janeiro em 1918. Chegou a estudar medicina, mas abandonou a faculdade para se dedicar à pintura, após ser apresentado a Cândido Portinari. Bulcão foi assistente do pintor no “Mural de São Francisco de Assis”, na Pampulha.
Com obras espalhadas pelo Brasil e por mais 10 países, teve o trabalho marcado pela parceria com o arquiteto Oscar Niemeyer. Entre os projetos realizados pelos dois estão os relevos do Teatro Nacional Cláudio Santoro e os painéis da Catedral Metropolitana de Brasília.
O artista veio a Brasília em 1958, com Niemeyer e equipe. No mesmo ano, confeccionou os azulejos da Igrejinha de Nossa Senhora de Fátima e do Brasília Palace Hotel.
Alguns dos principais trabalhos são os edifícios Niemeyer, em Belo Horizonte, Manchete, no Rio de Janeiro, e Gropius, em Recife. O painel de azulejos na Embaixada do Brasil, em Cabo Verde, na África, é uma das referências na obra do artista, assim como o relevo em madeira e fórmica, na Embaixada do Brasil em Lagos, na Nigéria.
Athos foi amigo de alguns dos principais artistas brasileiros modernos, como Carlos Scliar, Jorge Amado, Pancetti, Enrico Bianco – que o apresentou a Burle Marx –, Milton Dacosta, Vinicius de Moraes, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Ceschiatti e Manuel Bandeira, entre outros.
Trabalhou com nomes como o arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé, e foi professor no Instituto Central de Artes da Universidade de Brasília (UnB), a convite de Darcy Ribeiro e sob coordenação de Alcides da Rocha Miranda.
Diagnosticado com Mal de Parkinson em 1991, ele morreu aos 90 anos, em 31 de julho de 2008, no Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília, após uma parada cardiorrespiratória.