Bruna de Oliveira ressaltou que a escuta ativa é uma habilidade que pode ser adquirida e desenvolvida com a prática (Foto: Santa Casa de Votuporanga)
Da redação
Já dizia a frase do psicólogo Carl Rogers: “Ser empático é ver o mundo com os olhos do outro e não ver o nosso mundo refletido nos olhos dele”. Na pandemia do coronavírus, nunca se falou tanto em empatia e seu poder de curar ocasionalmente, aliviar frequentemente e consolar sempre.
Isolamento social, distanciamento, a falta do abraço afetuoso dos familiares e amigos ou mesmo a dor de perder alguém querido. O cenário que a Covid-19 trouxe também resgatou a importância da empatia.
“É a capacidade psicológica para sentir o que outra pessoa sentiria, caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela. É tentar compreender emoções, procurando experimentar pelo âmbito do indivíduo. A empatia leva uns ajudarem os outros. Está intimamente ligada ao altruísmo, ou seja, o amor e o interesse pelo próximo, e à capacidade de auxiliá-lo”, explicou a psicóloga do SanSaúde, Bruna Caroline Fernandes de Oliveira.
Escuta ativa
Bruna ressaltou que a escuta ativa é uma habilidade que pode ser adquirida e desenvolvida com a prática, concentrando-se totalmente no que está sendo dito.
“É uma ferramenta que possibilita melhorar a relação justamente pela capacidade de se aprofundar a conversa. É a melhor forma de proporcionar para a pessoa que é ouvida uma oportunidade de se abrir e de não ter receio de ser mal compreendida. Ajuda muito a criar bons relacionamentos, minimizar conflitos, desenvolver a empatia e despertar a consciência de que as pessoas precisam se ajudar nos mais diversos momentos da vida”, frisou.
Como treinar a empatia
Treinar a empatia é sempre uma missão difícil, por isso, aprender a escutar melhor pode ser essencial para conviver bem com os outros.
“Vivemos em uma sociedade extremamente individualista, por isso muitos podem sentir dificuldades ou até acharem que são incapazes de serem empáticos com o próximo, mas basta trabalhar bastante com seu autoconhecimento para que aos poucos desenvolva essa habilidade, pois quanto mais consciente de nossas emoções, mais facilmente entenderemos o outro e dificilmente iremos julgá-lo”, disse a profissional.
Na saúde
No âmbito da saúde, a empatia pode ser utilizada na interação com o outro. “Prestar atenção ao que a outra pessoa está falando é muito importante, mas não é o suficiente. O silêncio absoluto por parte do ouvinte pode ser um pouco desagradável depois de alguns minutos, ainda mais quando se trata de um assunto delicado. Por isso, nesse momento é necessário agir de forma afirmativa com quem está falando, seja se comunicando verbalmente ou não”, disse.
Bruna ressaltou que, quando se demonstra empatia durante um atendimento, o paciente se sente mais seguro e, consequentemente, bem mais confortável para confiar informações e sentimentos sobre o problema que possui e os sintomas que são apresentados.
“Quando são demonstrados respeito, segurança e interesse por parte do ouvinte, é natural que ele se sinta acolhido e mais confortável ao relatar aquilo que deseja no atendimento. Na psicologia, por exemplo, é fundamental que se tenha uma escuta ativa de forma empática, para que assim consiga expressar todas as suas emoções e sentimentos, fazendo com que o caminhar durante todo o período de acompanhamento obtenha um resultado desejável”, explicou.
Na consulta
Ser gentil durante todo o processo de tratamento do paciente é fundamental para que ele se sinta acolhido e seguro pelo profissional.
“É necessário que se tenha respeito e compreensão pelo o que o paciente está tentando lhe dizer, bem como aquilo que muitas vezes não é demonstrado em palavras e na comunicação verbal. Às vezes, o usuário chega com receio em dizer algo que é tão íntimo e particular para ele, por isso a necessidade de se mostrar aberto e sem julgamentos, para que esse espaço se torne cada vez mais acolhedor”, enfatizou.
Dicas
Há diversas maneiras de um médico ser empático durante um atendimento com um paciente. Confira quais são as principais a seguir:
– Prestar atenção no que o paciente está dizendo sem interrompê-lo e permitir que apresente suas dúvidas sobre sua situação e/ou seu tratamento;
– Fazer contato visual para demonstrar que o paciente tem toda a sua atenção nesse momento;
– Ser gentil durante todo o processo de tratamento do paciente para que ele se sinta acolhido e seguro pelo profissional.