Oncologista é pelo Instituto de Cancerologia de Votuporanga e falou sobre a revolução dos tratamentos contra o câncer
O oncologista Hamilton Zúniga falou com exclusividade ao A Cidade sobre os avanços no tratamento do câncer (Foto: Arquivo pessoal)
Franclin Duarte
franclin@acidadevotuporanga.com.br
Desde a virada do século XX, o câncer é a segunda principal causas de morte no mundo, atrás apenas das doenças cardiovasculares. Pesquisas indicam que quatro em cada dez pessoas terão um tumor em algum momento da vida, o que deve aumentar 70% até 2038, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde).
Por conta desses números, toda vez que se fala em câncer a população fica temerosa, mas, de acordo com Dr. Hamilton Zúniga Veloso da Costa, oncologista responsável pelo Instituto de Cancerologia de Votuporanga, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, Membro Titular da Sociedade de Cancerologia e Especialista em Oncologia Clínico, a imunoterapia trouxe uma nova era para o tratamento oncológico.
Em entrevista exclusiva ao
A Cidade, o médico afirma que o tratamento tem oferecido taxas de respostas de 40% a 60% e sobrevida global acima de 30 meses, números bem mais expressivos do que o tratamento “convencional”, com quimioterapia.
“Os imunoterapicos são uma classe de tratamento (chamados de inibidores de checkpoint por nós oncologistas) que ensinam o sistema imunológico a combater o câncer de forma eficaz, através de dois grupos de célula: as inatas e as adaptativas, que fazem parte do nosso sistema imune, um exército de células que defende o corpo de ameaças internas e externas, são elas os macrófagos e linfócitos. Dessa forma, no contexto atual, encontramos exemplos impactantes que demonstram melhora na eficácia do atendimento de pacientes com câncer”, explicou o médico.
Além disso, segundo Hamilton Zúniga, levando em consideração que a qualidade de vida é um importante desfecho em pacientes oncológicos com doença avançada, o uso de imunoterapia também está associada a melhor qualidade de vida, quando comparado à quimioterapia em alguns tumores como carcinoma escamoso de cabeça e pescoço.
“Não podemos deixar de mencionar a questão do custo de acesso a estas novas terapias. Apesar do ganho de sobrevida global, taxa de resposta e qualidade de vida, muitos delas ainda não estão amplamente disponíveis. Na tomada de decisão devemos sempre recorrer à melhor evidência disponível na literatura médica e aqui, no Instituto de Cancerologia já tratamos com a imunoterapia quando há indicação formal para alguns tipos de tumores. Isso já é uma realidade nossa aqui em Votuporanga”, complementou.
Direções futuras
Dr. Hamilton Zúniga falou também sobre uma terapia inovadora com o uso de células CAR-T para o tratamento do câncer, que tem apresentado resultados surpreendentes, sendo considerada um dos maiores avanços contra alguns tipos de neoplais hematológicas.
“O tratamento consiste em modificar geneticamente as células T (células de defesa do organismo) do próprio paciente para expressar o receptor antígeno quimérico (Chimeric Antingen Receptor –CAR) e assim identificar e eliminar células malignas. Porém, uma das limitações a esta terapia refere-se ao seu elevado custo. O alto custo é justificado pela grande complexidade necessária para sua manufatura (linfócitos T do paciente são congelados no ambiente hospitalar e transportado para um centro de produção especializado, onde são modificados geneticamente e expandidos”, disse o oncologista.
Ainda segundo ele, estudos clínicos estão sendo incentivados em diversos centros, principalmente nos Estados Unidos, com o objetivo de reduzir os altos custos da terapia. “Em um futuro próximo muitos brasileiros poderão ser tratados com células CAR-T em estudos clínicos”, concluiu Dr. Hamilton Zúniga.