Segundo o Boletim Epidemiológico, a segunda dose e a dose única da vacina chegaram aos braços de pouco mais de 60 mil votuporanguenses
Cobertura vacinal é significativa por estar próxima à taxa apontada pelos especialistas para começar a se considerar o retorno à normalidade (Foto: Prefeitura de Votuporanga)
Pedro Spadoni
pedro@acidadevotuporanga.com.br
Em exatamente um mês, a cobertura vacinal – isto é, pessoas que tomaram as duas doses ou dose única da vacina contra Covid - de Votuporanga saltou de quase 40% para mais de 60% da população. Atualmente, pouco mais de 60 mil votuporanguenses estão com seus esquemas vacinais completos, segundo os Boletins Epidemiológicos divulgados pela Prefeitura.
O número é significativo porque está relativamente próximo à taxa apontada pelos especialistas para começar a se considerar o retorno à normalidade “pré-pandemia”, que fica entre 70% a 80% da população totalmente imunizada. É a partir dessa taxa de imunidade coletiva que a transmissão do vírus começa a ser freada, de acordo com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Conclusão
Seguindo esse ritmo, a previsão da Secretaria Municipal da Saúde é que tanto a população adulta (de 18 anos para cima) quanto os adolescentes de 12 a 17 anos estejam completamente vacinados até final de novembro. No caso dos adolescentes, que foram vacinados com imunizantes da Pfizer, a previsão é possível graças à determinação do novo intervalo entre as doses da fabricante, que passou de 12 para oito semanas.
No entanto, a Pasta informou que é possível que algumas pessoas tenham suas segundas doses agendadas para dezembro, considerando as primeiras doses que foram aplicadas recentemente, durante a repescagem.
Imunidade coletiva
Para começar, a imunidade coletiva – também chamada de imunidade de rebanho - é um conceito teórico que representa o nível de proteção coletiva que bastaria para deter a transmissão de um vírus, inclusive sem restrições. A base é uma premissa simples: quando uma porcentagem suficiente da população está imune ao vírus, cria uma barreira que protege a parte da população que não está.
De acordo com a maioria dos modelos epidemiológicos, espera-se que essa imunidade de grupo seja alcançada quando a proteção atinge entre 60% e 80% da população. No caso da Covid, por conta da transmissibilidade do coronavírus e das taxas de eficácia das vacinas, convencionou-se dizer que essa meta era 70%.
Nenhuma vacina é 100% eficaz. E nem precisa ser. Para doenças infecciosas, o importante é levar em conta a taxa de reprodução inicial do vírus, também chamada de R0. Ela indica a quantidade de pessoas para as quais um único indivíduo infectado transmite o vírus. No caso do coronavírus, esse número é R2 – ou seja, cada pessoa doente passa o vírus para duas outras pessoas, e assim por diante. Quanto mais alto for esse número, maior é a taxa necessária para se alcançar a imunidade de grupo.
“O número reprodutivo do SARS-CoV-2 que foi estimado na fase inicial da pandemia rondava os 2,5 ou 3. Portanto, o nível correspondente de imunidade coletiva seria de cerca de 67%. Como as vacinas não são 100% eficazes, precisaremos de um pouco mais de cobertura para a proteção: daí essa meta de 70%”, explicou a imunologista Chloé Pasin, da Universidade de Zurique, em entrevista ao jornal El País.
Proteção
Outro ponto importante é que, no caso da Covid, as vacinas protegem as pessoas – principalmente quem estiver com o esquema vacinal completo – mas não as blinda contra o vírus. Isso significa que é possível, sim, pegar Covid mesmo depois de tomar as duas doses (ou a dose única, da Janssen). Mas isso está longe de indicar que os imunizantes contra a Covid-19 não funcionam. E a circulação da variante Delta reforça a importância da vacinação.
“As vacinas ainda protegem dessa mutante, especialmente para evitar hospitalizações e mortes. O que estamos vendo é uma queda na proteção contra a infecção. E isso é mais significativo em pessoas que só tomaram uma dose”, explicou a epidemiologista Denise Garrett, vice-presidente do Sabin Institute, nos Estados Unidos, à revista Veja.
Considerando essa realidade, a secretária da Saúde de Votuporanga, Ivonete Félix, ressaltou a importância tanto da cobertura vacinal no município quanto da população continuar com os cuidados para se proteger do coronavírus.
“Felizmente, vivemos um cenário mais favorável da pandemia, com a maioria das pessoas já vacinadas. Isso nos traz um alívio grande, mas precisamos ter cautela, porque sabemos que temos que manter os cuidados, principalmente, continuar com o uso das máscaras, higienização de mãos e distanciamento entre as pessoas. Aos poucos, aprendemos a conviver com a doença sem interromper nossas vidas. E, assim, precisamos seguir em frente”, disse a secretária da Pasta ao jornal
A Cidade.
Aptos
Apesar da importância, tanto individual quanto coletiva, da vacinação contra a Covid, Votuporanga ainda possui 6.380 pessoas que poderiam receber a segunda dose, mas ainda não compareceram aos postos. É o que revelou um levantamento do jornal
A Cidade junto à Prefeitura.
A Administração ressaltou, porém, que nem todas essas pessoas podem ser consideradas “faltosas”, isto é, que perderam o prazo para receberem a segunda dose. Isso porque, desse total, a maior quantidade de pessoas que estão nessa situação (3.784) são as que foram vacinadas com o imunizante da Pfizer.
Segundo a Prefeitura, isso acontece porque, recentemente, o governo estadual determinou que o intervalo entre as doses da fabricante fosse reduzido de 12 para oito semanas. Ainda de acordo com os dados do levantamento, 1.512 estão aptas para receberem a segunda dose da AstraZeneca e 1.084 já podem receber a CoronaVac.
Nesta semana, a Prefeitura reforçou que todos que já estão no prazo para receberem a segunda dose podem ir a um dos quatro postos de vacinação (Assary Clube de Campo, Polo da UAB, Centro de Convivência do Idoso e Capela Santo Expedito), que funcionam das 8h às 15h.
Para receber a vacina, os munícipes devem apresentar os documentos pessoais, comprovante de residência (em nome de quem vai ser imunizado) e, no caso da segunda dose, o cartão de vacinação comprovando a aplicação da primeira dose.