Estima-se que uma em cada quatro pessoas vai ter a doença; para o dr. Vitor Pugliesi Marques, este número, infelizmente, é muito alto
O dr. Vitor Pugliesi Marques, médico neurologista da Santa Casa, explicou como identificar os sintomas do AVC e ajudar quem precisa (Fotos: Santa Casa de Votuporanga)
Pedro Spadoni
pedro@acidadevotuporanga.com.br
O AVC (Acidente Vascular Cerebral), conhecido popularmente como “derrame”, é a segunda maior causa de mortalidade no Brasil. De acordo com o dr. Vitor Pugliesi Marques, neurologista da Santa Casa de Votuporanga, estima-se que uma em cada quatro pessoas vão ter a doença, o que, para ele, é um número muito alto.
No combate à doença, cada minuto tem valor imensurável no salvamento de uma vida. Por essa razão, relógios instalados em diversos pontos turísticos de várias partes do mundo estarão iluminados com a cor azul nesta sexta-feira (29), que é o Dia Mundial do AVC, para alertar sobre a importância do socorro ágil.
O neurologista comentou sobre o atendimento oferecido pelo hospital votuporanguense, novidades que estão por vir e a doença em si.
Atendimento
O dr. Marques explicou que a Santa Casa tem implementado o “protocolo Angels” no atendimento às pessoas que sofrem com a doença.
“Para tentar minimizar o impacto do AVC na nossa população, a Santa Casa de Votuporanga tem implementado o protocolo Angels. É uma iniciativa internacional que organiza o atendimento hospitalar, pré-hospitalar e até pós-hospitalar, em alguns casos, para cuidados do AVC”, disse.
Quando a pessoa começa a sentir os primeiros sintomas do AVC – que, segundo o neurologista, são: fraqueza de um lado do corpo, entortar a boca para o outro lado, alteração de fala, quadro de instabilidade, tonturas súbitas etc – deve ser atendida por profissionais da saúde o mais rápido possível.
Por isso, o dr. Marques ressaltou que o Samu precisa ser chamado, para, então, os profissionais encaminhar o paciente para a Santa Casa. “Aqui, nossa equipe está pronta para poder fazer o primeiro atendimento e dar o melhor suporte para minimizar os impactos do AVC na vida de cada um”, salientou.
O neurologista também contou que, em breve, o hospital votuporanguense vai incrementar seu atendimento à doença.
“No final de novembro, nós iremos implementar mais um passo importante no atendimento do AVC, que seria o tratamento trombolítico. A gente sabe que se o indivíduo chegar muito rápido à emergência, ou seja, em menos de quatro horas e meia dos sintomas, e preencher alguns critérios, nós podemos oferecer uma medicação que desobstrui a artéria cerebral, fazendo com que o fluxo cerebral volte a se estabelecer e diminua os impactos dessa doença que é tão complicada e causa tantas consequências no indivíduo”, explicou.
Doença e campanha
Existem dois tipos de AVCs: o isquêmico e o hemorrágico. No isquêmico, o neurologista explicou que acontece uma oclusão de uma artéria cerebral, que causa a falta de sangue numa determinada área do cérebro, machucando aquela região. Já no hemorrágico, o dr. Marques disse que há a ruptura de uma artéria cerebral, extravasando sangue para aquela região do cérebro e também causando dano.
Segundo o médico da Santa Casa, o AVC isquêmico é o mais prevalente entre os dois tipos, abrangendo cerca de 80% dos casos, enquanto o hemorrágico cobre os demais 20%.
“Em todo caso, o AVC pode gerar sequelas muito significativas nos indivíduos. Muitas pessoas ficam acamadas, dependendo de cuidados de vários profissionais de saúde, o que gera um prejuízo muito grande à funcionalidade das pessoas, além de demandar bastante cuidado dos familiares”, disse o neurologista.
Portanto, ele acredita que o Dia Mundial do AVC é importante por estar voltado ao atendimento a aqueles que sofrem com a doença.
“O dia 29 de outubro é para se comemorar porque já temos uma data pronta para o treinamento de toda rede pré-hospitalar e hospitalar no cuidado agudo do AVC, nas primeiras horas”, disse o dr. Marques.