A fonoaudióloga Lívia Daniel, diretora clínica da 'Audiovita – Aparelhos Auditivos', explica porque não devemos esperar para examinar nossa audição
A fonoaudióloga Lívia Maria Daniel, diretora clínica da “Audiovita – Aparelhos Auditivos”, desmistificou as principais questões sobre os aparelhos (Foto: A Cidade)
Pedro Spadoni
pedro@acidadevotuporanga.com.br
Pedir para as pessoas repetirem o que disseram, ter dificuldade para conversar em locais barulhentos e pessoas reclamarem que você escuta música ou a TV em volumes muito altos. Esses são três sinais comuns de perda auditiva. E as pessoas com esse problema esperam, em média, sete anos antes de buscarem ajuda. Mas não precisa ser assim. Se você enfrenta esse tipo de dificuldade, saiba que pode ouvir melhor desde já!
O jornal
A Cidade conversou com a fonoaudióloga Lívia Maria Daniel, diretora clínica da “Audiovita – Aparelhos Auditivos”, que deu detalhes sobre como a audição (e a falta dela) funciona, explicou porque não devemos esperar a perda auditiva piorar para procurar um especialista e desmistificou as principais questões sobre os aparelhos.
Ouvindo
Antes de entrar no mérito da importância do diagnóstico precoce e adaptação do aparelho auditivo, é preciso entender como nossa audição funciona. E a diretora clínica explica:
“Nosso ouvido é um órgão sensorial. Ele recebe o som, que, por meio do nervo auditivo, passa por todas as vias auditivas e chega ao cérebro, que vai processar esse som. Toda vez que a gente tem uma privação sensorial, há uma reorganização cortical. Então, no nosso cérebro, quando ele deixa de fazer uma função, aqueles neurônios que não estão fazendo aquela função vão fazer outras conexões. Isso vai fazer com que o processamento dessa informação fique cada vez pior e mais difícil”, disse.
Outro ponto importante destacado por ela é que o processo de ouvir pode ser separado em duas partes: acuidade auditiva (quanto a pessoa ouve) e processamento do som (quanto a pessoa entende). É na parte da acuidade que se mede o grau da perda auditiva – e existem casos e casos.
Isso porque a fonoaudióloga da Audiovita exemplificou que existem pessoas com grau de perda maior, mas com processamento bom; e com grau de perda pequeno, com processamento ruim.
‘Oi? Que?’
Existem dois tipos de perdas auditivas, conforme explicou Lívia: a congênita (quando o bebê já nasce com essa condição) e as adquiridas. “Quando a gente fala em crianças com perdas auditivas congênitas, [o uso do aparelho auditivo] é fundamental para o desenvolvimento de linguagem e desenvolvimento cognitivo delas”, disse Lívia.
Já em relação aos adultos, Lívia contou que, na maioria dos casos, trata-se de presbiacusia, que é a perda auditiva por conta do envelhecimento. Mas existem casos em que a perda está relacionada a fatores genéticos e também existe a perda auditiva induzida por níveis elevados de pressão sonora, que engloba desde o ruído de uma fábrica até músicas muito altas. Essa última pode afetar todos nós.
“São perdas que hoje em dia acometem muitos adolescentes e jovens, que já estão com grau de perda auditiva. O quanto isso vai prejudicar a sua audição depende do volume que você ouve e do tempo de exposição”, explicou a fonoaudióloga.
Tratando
A função do aparelho auditivo é amplificar o som, para que o ouvido que não estava ouvindo passe a ouvir. Se a capacidade de processar os sons no cérebro da pessoa ainda estiver boa, melhor ainda. Mas mesmo se não estiver, existem aparelhos que ajudam nisso também.
No caso da clínica Audiovita, a equipe trabalha com três marcas de aparelhos: Interton, Rexton e Oticon. A ideia, segundo Lívia, é dispor de um portfólio de produtos que atendam todo tipo de público, tanto com relação a recursos tecnológicos quanto condições financeiras.
“O nosso objetivo e foco é a reabilitação auditiva, através da adaptação de aparelhos auditivos. O ideal é que a pessoa procure um otorrino para fazer o diagnóstico da patologia. Mas os exames que são necessários para elas colocarem o aparelho auditivo a gente tem aqui”, explicou.
Lívia mostrou que os aparelhos são discretos, mesmo para aqueles com perdas graves. E destacou outras qualidades. “Eles têm a facilidade do uso, então, por mais que tenham muitos recursos, outro mito que muita gente acredita é que aparelhos sem muita tecnologia são mais fáceis de usar. É justamente o contrário. Quanto mais tecnologia e recursos o aparelho tem, mais simples é de usá-lo. E quanto mais avançada a linha, melhor a qualidade sonora e os ajustes automáticos”, disse.
A especialista também explicou que os aparelhos que são “mais inteligentes” conseguem entender melhor o ambiente; focar melhor nos sons de fala e não tanto nos barulhos e ruídos de fundo; entender com quem a pessoa está conseguindo falar e os ajustes são mais automáticos nos diversos ambientes possíveis. Todos os aparelhos disponíveis na clínica têm recursos extras - como aplicativos para controle remoto e ajustes a distância, por exemplo - mas a essência é a mesma: basta colocar e usar.
Outro ponto que a equipe da Audiovita dá muita atenção é definir quem precisar usar aparelhos auditivos e quais aparelhos usar. “O aparelho é prescrito de acordo com a perda auditiva. Não é igual óculos, por exemplo, que você pode escolher modelos maiores ou menores”, disse Lívia.
Por meio de exames, a fonoaudióloga determina se a pessoa vai precisar usar aparelhos de uma “linha básica” ou avançada. “O processamento bom não precisa de tantos recursos, porque o cérebro dele dá conta de todas as informações. Já aquele processamento ruim vai precisar de mais recursos, porque o cérebro não dá mais conta da informação da fala, da música, do ruído de fundo, então precisa que o aparelho faça essas funções para ele”, explicou a especialista.