Rodrigo Ribeiro Fuza, falou em entrevista ao jornal A Cidade, sobre o diagnóstico e tratamento da compulsão em games
Conforme Rodrigo Fuza, em primeiro lugar, é necessário ficar atento aos sinais que o corpo e a mente dão em relação ao vício (Foto: Arquivo Pessoal)
Lara Matozo
Estagiária sob supervisão
lara@acidadevotuporanga.com.br
Desde de 2018, a OMS (Organização Mundial da Saúde) reconhece o vício em jogos eletrônicos como um transtorno de saúde mental, mas a classificação internacional de doenças para o uso abusivo de games, somente entrou em vigor em 1º de janeiro deste ano. O médico psiquiatra, Rodrigo Ribeiro Fuza, falou em entrevista ao jornal
A Cidade sobre o diagnóstico e tratamento da compulsão em jogos eletrônicos.
Rodrigo é especialista em psiquiatria clínica e segundo ele, a compulsão é determinada pela frequência, intensidade e o tempo que os indivíduos passam utilizando o videogame. Além disso, algumas pessoas possuem maiores tendências em desenvolver o vício do que outras.
"Toda criança fica compulsiva de uma maneira muito mais fácil. No início ela acha aquilo legal, conforme o tempo passa, a criança vai deixando de fazer outras coisas e toda sua atenção é voltada apenas aquilo. Quando ficamos adultos, vamos conseguindo separar melhor as coisas, mas quando somos novos, temos maior tendência em se 'lambuzar' mais daquilo que gosta", explicou ele.
A nova norma abre caminhos para ajudar a combater o problema, pois emite um sinal de alerta à população. Conforme Fuza, em primeiro lugar, é necessário ficar atento a alguns sinais que o corpo e a mente dão em relação ao vício.
"Pacientes que estão passando por compulsão sabem que aquilo faz mal, mas não conseguem parar e se não estiver fazendo, aquilo fica na cabeça a todo momento. É o que a maioria das pessoas atualmente sentem em relação ao celular. Por exemplo, a pessoa sai de casa, coloca a mão no bolso e não sente o aparelho, é como se um pedaço de você tivesse ficado para trás", destacou.
Uma das principais características do vício, são os prejuízos nas relações interpessoais e os efeitos fisiológicos que ele causa, essa condição é denominada como 'abstinência'. Os efeitos no corpo humano variam desde a diminuição no sono ou irritação quando o paciente fica longe do jogo até crises de ansiedades ou sintomas de depressão.
Assim como os casos de dependência química ou outros tipos de vícios, a abstinência em jogos eletrônicos provoca a sensação de perda de liberdade, já que o indivíduo joga porque sente necessidade, mesmo sabendo que a ação irá prejudicar sua vida social, familiar e profissional.
“A pessoa sabe que aquilo é errado, mas ficar sem causa até mal-estar físico, como: dores de cabeça, agitação e nervosismo. A pessoa sabe que precisa sair dessa condição, fazer outras coisas do seu interesse, mas se sente presa e não consegue, quando ela tenta parar, pode aparecer sintomas físicos como de ansiedade e depressão, a compulsão leva a outras questões mentais”, afirmou o psiquiatra.
Lidando com o problema
De acordo com o médico, quando o paciente tenta deixar o vício, o incômodo é imenso e o sentimento de tédio se aflora, como o comportamento de dependência está associado ao prazer, dificilmente o jogador irá relatar os sintomas, por isso, é importante que os familiares se atentem as atitudes do paciente, que depois de muito tempo, a tendência é a pessoa não se divertir mais jogando, ela ainda só executa a atividade, porque não consegue ficar sem e se sente mal.
“A pessoa, principalmente se for criança, exagera em algo que ela gosta e cabe aos pais colocar limite. No caso dos adultos, o ideal é se concentrar em outras atividades, a gente pode jogar o jogo que quiser, mas tem que ter equilíbrio, com certeza, pandemia fez o vício em games aumentar, então nós estamos vivendo uma epidemia de compulsões”, disse o especialista.
O tratamento
Caracterizar o vício em jogos eletrônicos como doença é estabelecer critérios para que os médicos consigam decidir a melhor forma de tratamento para a condição. A ajuda psicológica e medicamentosa pode aliviar as sensações de mal-estar que tendem a aparecer, segundo o médico, o tratamento não é fácil e exige disciplina do paciente. “Vai ter que sofrer um pouquinho para deixar a compulsão”, disse.
Quem sofre desse mal, é recomendável procurar ajuda profissional, tanto a psicoterapia quanto a psiquiatria. Rodrigo é especialista no assunto e realiza consultas com horário marcado através do telefone (17) 98117-2329.