Onildo José da Silveira, médico do SanSaúde, orientou os pais sobre peso exagerado desses acessórios e deu dicas de como prevenir lesões
O médico Onildo José da Silveira destaca que o mau uso das mochilas podem ocasionar distensões musculares e alterações posturais (Foto: Santa Casa de Votuporanga/Marcelo Camargo)
Lara Matozo
Estagiária sob supervisão
lara@acidadevotuporanga.com.br
As aulas presenciais do Ensino Fundamental e Médio voltaram em Votuporanga recentemente e com esse retorno, um acessório indispensável também voltará a circular nos corredores das escolas: a mochila. O ortopedista votuporanguense, Dr. Onildo José da Silveira, que atende pelo SanSaúde, alertou pais e responsáveis sobre o mau uso e o peso exagerado desses acessórios.
O excesso peso e o esforço repetitivo na infância e adolescência podem ocasionar 70% dos problemas de coluna na fase adulta, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde). O médico destaca que o mau uso das mochilas pode ocasionar distensões musculares e alterações posturais.
“O uso inadequado das mochilas, com muito peso e carregadas em apenas um lado do corpo, por exemplo, gera dor na coluna, além de alterar o modo de caminhar e o equilíbrio. Segundo a OMS, o recomendado é que o peso não ultrapasse 10% do peso corporal do indivíduo. Quando isso acontece, há o risco de entorses pelo excesso de esforço dos músculos da coluna, além de dores, que podem ser causadas por alterações posturais. A criança tende a levar o pescoço para frente e manter o tronco inclinado”, explicou o profissional.
O especialista também citou que as mochilas tanto para as costas quanto as de rodinhas devem permanecer justas ao corpo.
“Para as crianças menores, as melhores opções são as mochilas com rodinhas, mas mesmo assim é preciso ter cuidado. Caso o puxador não esteja bem ajustado, pode fazer com que o estudante entorte o tronco para carregá-la e então desencadear problemas. O ideal é ajustar o puxador em uma altura que permita que o menor permaneça com os ombros nivelados, sem precisar curvar o corpo. Nos casos de mochila, outra orientação é que ela seja utilizada o mais alto possível, para contribuir com a melhor postura”, completou.
Ele revela que os pais podem e devem ajudar na preparação das bolsas escolares para prevenir lesões, já que durante essa fase o corpo das crianças está em desenvolvimento. O necessário é receberem orientações para manter uma postura adequada.
“As duas tiras (devem ser largas, com pelo menos 4 centímetros) da mochila precisam ser usadas sempre, nunca pendurar num ombro só. Ela deve ficar bem encostada nas costas e não balançando, com a base uns 5 centímetros acima da cintura. É preferível que tenha também cinto abdominal, para deixá-la mais firme. Outra dica que faz diferença no peso é revezar os materiais das crianças, permitindo que elas levem apenas o que será utilizado no dia de aula”, salientou.
Dica aos pais
Para ajudar os responsáveis e até os próprios alunos nessa missão, o ortopedista sugeriu providências que favorecem a saúde dos estudantes. As dicas variam entre procurar um profissional de educação física até a realização de um exame antropométrico, que pode detectar algum desvio na coluna. O ideal é sempre ouvir a criança e estar atento aos sinais que seu corpo apresenta.
“Peça para seu filho ficar de pé e verifique se seus ombros estão na mesma altura. Coloque a criança de costas e veja se dá para perceber algum tipo de inclinação na coluna. Fique atento quanto à aparência de corcunda. Isso não é normal. Qualquer irregularidade deve ser relatada ao ortopedista da criança. Quanto mais cedo for a intervenção do médico, mais rápido e fáceis serão tratamentos. Muitas vezes, apenas sessões de exercícios resolvem. Mas se o caso estiver adiantado, a criança pode precisar usar colete ou até mesmo passar por cirurgia”, concluiu Silveira.