Por Leonardo Azambuja: médico especialista em nutrologia, ciência da fisiologia humana e longevidade saudável
Leonardo Azambuja é colunista do A Cidade e escreve todas as quartas-feiras (Foto: Divulgação)
As vitaminas são nutrientes
essenciais que contribuem para o desenvolvimento normal e a manutenção do
equilíbrio metabólico do corpo, não só para evitar carências nutricionais, mas
também como preventivo de uma série de doenças. São chamadas de essenciais
porque não são sintetizadas pelo corpo humano, sendo necessária a ingestão
através dos alimentos. Mas será que sua dieta pode fornecer todas as vitaminas
e minerais que você necessita na proporção adequada?
A inserção de grande número de
mulheres no mercado de trabalho, o aumento do número de adultos solteiros
vivendo sozinhos, o ritmo de vida acelerado e a vida profissional tomando cada
vez mais tempo, tem exigido mais praticidade no momento de fazer refeições, e
aumentado a demanda por alimentos prontos para o consumo. Isso dificulta as
ingestões diárias de vitaminas e minerais nas quantidades necessárias, pois
reduz o consumo de alimentos saudáveis e uma alimentação variada. Os fatores
ambientais como a poluição, o uso indiscriminado de pesticidas, a alta
quantidade de corantes e conservantes, a forma de preparo dos alimentos, o
estresse físico e mental e o tabagismo exigem uma quantidade maior de
nutrientes para que o organismo consiga funcionar de forma adequada para se
desintoxicar e se recuperar desses fatores.
Mesmo quando ingerimos alimentos
que concentram algumas vitaminas ou minerais, há outros fatores que precisam
ser considerados, como o solo onde o alimento foi cultivado e se a quantidade
desses nutrientes presentes em nossa alimentação suprem as necessidades de
nosso organismo.
O conteúdo mineral do solo é
muito variável. Um estudo interessante foi feito com a dosagem de selênio em
castanhas- do-pará (que naturalmente concentra selênio, mas cujo teor depende
da quantidade de selênio no solo). Em algumas áreas do Pará as castanhas
apresentavam altas quantidades, enquanto que em outras eram pobres em selênio.
Outro fator que reduz a
concentração mineral dos alimentos é o empobrecimento da terra cultivável. Utiliza-se
a mesma terra para agricultura por décadas, e se devolve ao solo apenas os
fertilizantes químicos com nitrogênio, fosfato e o potássio (famoso
fertilizante NPK), levando a uma redução progressiva de minerais dos alimentos.
Há uma série de fatores que
determinam a chamada biodisponibilidade de nutrientes e compostos bioativos
obtidos pela alimentação. O teor de vitaminas dos alimentos é bastante variado.
Nos vegetais, por exemplo, depende da espécie, do estágio de maturação na época
da colheita, das condições de estocagem, do processamento e do tipo de
preparação. Como as vitaminas são compostos sensíveis, podem sofrer degradação
por vários fatores, como temperatura, presença de oxigênio, luz, umidade etc.
Apesar de torná-los mais atraentes ao paladar e aumentar a sua vida de
prateleira, o processamento de alimentos pode alterar significativamente a
composição qualitativa e quantitativa dos nutrientes.
Além disso, os alimentos
refinados perdem nesse processo quase que a totalidade de suas vitaminas, que
muitas vezes encontram-se na pele dos grãos. O arroz refinado, por exemplo,
contém uma quantidade bem inferior de vitaminas do complexo B quando comparado
ao arroz integral, o mesmo ocorre com o trigo. O cozimento excessivo de
vegetais desnatura as vitaminas, sendo o cozimento por vapor menos prejudicial.
Os sucos industrializados e engarrafados possuem pequeno valor nutritivo, além
disso, muitos contêm estabilizantes, acidulantes, conservantes, aromatizantes.
Diante disso, na vida moderna
tornou-se praticamente essencial o uso de multivitamínicos para atingir os
níveis adequados de vitaminas e minerais. Sabe-se que os nutrientes, além de
prevenir as carências nutricionais, podem ser grandes aliados na prevenção de
doenças e manutenção da saúde, além de auxiliar em doenças já instaladas.