Afirmação é do professor Francisco Poli, presidente do Udemo, que ministrou uma palestra na última sexta-feira em Votuporanga
Presidente do Udemo, o professor Francisco Antonio Poli (A Cidade)
Aline Ruiz
aline@acidadevotuporanga.com.br
O professor Francisco Antonio Poli, presidente do Udemo (Sindicato de Especialistas de Educação do Magistério Oficial do Estado de São Paulo), esteve em Votuporanga na sexta-feira (18) para proferir a palestra “Novo Ensino Médio”. Francisco Poli, que também é vice-presidente da Câmara de Educação Básica no Conselho Estadual de Educação, afirmou que a sociedade em geral deveria estar lutando a favor da reformulação do ensino médio, uma vez que o mesmo é considerado como um dos piores do mundo.
Durante entrevista para a Rádio Cidade, o presidente do Udemo, condenou a ocupação das escolas, fato que vem acontecendo especialmente no Estado de São Paulo. “Eu condeno veementemente e não tenho nenhum receio de ser politicamente incorreto, porque não é assim que se faz democracia, muito menos quando você tem grupos minoritários que em nome de um direito de manifestação ocupa um prédio público em prejuízo de uma maioria que deixa de usufruir desses serviços”, disse o presidente.
Para o professor Francisco, se faz democracia protestando, procurando seus direitos com quem realmente pode ajudar e, antes de tudo, é preciso entender pelo o que se está lutando. “É preciso saber o que está dentro do projeto de lei que se está criticando, porque muitos desses que ocupam esses prédios se quer chegaram a estudar os projetos contra os quais eles estão protestando”, comentou.
No caso do ensino médio, o presidente do Udemo elencou uma curiosidade. “A reforma do ensino médio vem sendo discutida desde 1997 e muitos desses alunos que estão hoje ocupando as escolas contra essa reforma não eram nem nascidos, então eles nunca poderiam saber que isso está em discussão desde aquele ano, que isso é um projeto de lei de 2013 do então governo do PT, uma iniciativa que considero muito boa e muito válida. Esse mesmo projeto passou por cinco diferentes ministros do PT, nem se quer um pedido de urgência foi aprovado para uma tramitação mais rápida, ele estava lá, parado”, ponderou.
O presidente ressalta que o que o governo atual anunciou é algo maravilhoso e não é novidade, uma vez que a discussão só foi reaberta. “O governo disse que o ensino médio precisa mudar, fez uma Medida Provisória, que está aberta para discussões, e aí essas mesmas pessoas chegam, querem protestar e ocupam as escolas porque são contra a reforma do ensino médio. O que essas pessoas precisam entender é que o ensino médio do Brasil é considerado um dos piores do mundo, elas deveriam estar lutando para que ele fosse reformulado e não pra manter o que existe hoje”, afirmou.
Educação no país
Em sua palestra, o presidente do Udemo afirmou que existe uma falta de sensibilidade do governo com a educação. “Infelizmente a educação no Brasil sempre foi prioridade de discurso, mas não de prática. Nós podemos afirmar que ultimamente se tem investido mais em educação, o problema é que nós estamos pagando um preço alto, ou seja, de muitos anos de políticas erradas na educação ou até mesmo de falta de política de educação”, falou.
Para o presente, o grande problema é que agora a sociedade precisa recuperar esse tempo perdido. “É essa a conclamação que nós fazemos a todos os educadores e a todos os membros da sociedade de um modo geral. As pessoas precisam entender que nós só vamos conseguir ter um padrão de vida melhor se tivermos uma educação melhor. A educação tem sim que ser a prioridade número um de qualquer país que queira estar no primeiro mundo e oferecer justiça e paz social aos seus habitantes”, revelou.
Momento político atual
O professor Francisco acredita que o país está vivendo a pior crise desde o ano de 1930. “Estamos vivendo a crise da falta de confiança, que eu considero como a mais difícil de lidar, porque a crise econômica é sazonal, ela vai e volta, as pessoas superam. Agora, a crise da falta de confiança não, então este é o grande desafio”, contou
O presidente expôs a sua visão e afirmou que a sociedade e o país como um todo vão vencer. “Os problemas existem para serem resolvidos, as crises existem para ser superadas, as formas ruins de governo servem para nos incentivar a mudá-las, a prisão de vários políticos corruptos mostram que estamos no caminho certo, então essa é mais uma crise, uma grande crise que nós vamos vencer e exatamente por ser uma grande crise que a nossa vitória vai ser uma grande vitória”, concluiu.
Entenda o que vai mudar no ensino médio
Ampliação gradual da carga horária
A carga horária mínima anual, de 800 horas, será gradualmente ampliada para 1,4 mil horas. O Plano Nacional de Educação (PNE) prevê para 2024 até 50% das escolas atendidas pelo ensino integral e 25% das matrículas no ensino fundamental dentro do mesmo modelo.
Flexibilidade do currículo
Com as mudanças, o currículo do ensino médio vai ser dividido em dois, uma parte com disciplinas fixas obrigatórias e outra com optativas, nas quais o aluno poderá construir uma grade adequada ao seu perfil e seu próprio projeto de futuro.
Autonomia para os Estados
O currículo básico não poderá superar 1,2 mil horas por ano, e a parte optativa será associada ao contexto histórico, econômico, social, ambiental e cultural de cada região. Esse modelo dará mais autonomia para os Estados, que poderão criar seus próprios currículos e políticas para o ensino médio.
Formação técnica
O novo ensino médio vai ofertar formação técnica profissional, com aulas teóricas e práticas. Essa qualificação técnica vai ocorrer dentro do período normal, sem a necessidade de que o aluno esteja no ensino integral.
Créditos para o Ensino Superior
Quando o aluno concluir uma disciplina no ensino médio, ele terá adquirido um número específico de créditos. Esses créditos poderão ser usados quando ele chegar ao ensino superior, ou seja, ao entrar na universidade ou no ensino técnico, poderá aproveitar disciplinas que já cursou.