Panetone foi o produto que ficou mais caro neste ano, entre os tradicionais de uma cesta natalina, segundo um levantamento da Fipe
Preço do panetone aumentou quase 26% em comparação a 2020; apesar da alta do preço, o senhor Milton Coelho comprou três para seus funcionários (Fotos: A Cidade)
Pedro Spadoni
pedro@acidadevotuporanga.com.br
Com o Natal, chega aquele momento do ano de reunir a família, principalmente graças à melhora dos indicadores da pandemia. Só que as comemorações natalinas vão pesar mais no bolso dos votuporanguenses neste ano, por conta da disparada da inflação. É o que mostra o IPC-SP (Índice de Preços ao Consumidor), da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), que registrou uma variação de quase 10% no valor dos itens tradicionais da ceia de Natal, em comparação ao ano passado. Inclusive, o panetone, considerado um dos produtos mais tradicionais desta época do ano, foi o que ficou mais caro em 2021: seu preço aumentou quase 26%.
O senhor Milton Rangel Coelho, de 83 anos, percebeu esse aumento enquanto comparava os preços dos panetones e chocotones num supermercado de Votuporanga. O servidor aposentado do Estado optou por comprar três panetones, acompanhados de refrigerantes e espumantes, para presentear os funcionários que trabalham na sua propriedade rural, em Indiaporã.
“O preço não está legal, mas, dentro da possibilidade que está tendo hoje, até que está bom. Ainda dá para comprar alguma coisa. Aperta aqui, aperta ali, aí dá para espremer alguma coisa para dar”, contou o senhor Milton, em entrevista ao jornal
A Cidade.
Aumentos
No começo de novembro, a Fipe divulgou uma prévia do seu levantamento em relação aos preços dos itens da cesta de Natal, que considerava até outubro. Além do panetone, tiveram aumento de dois dígitos a azeitona verde sem caroço (21,91%) e a caixa de bombom de chocolate (12,83%).
Entre as carnes, o filé mignon lidera com 35,17% de alta. O bacalhau importado, muito procurado nesse período e que sofre impacto direto do câmbio, ficou 12,34% mais caro. O chester registrou elevação de 7,27%, assim como o peru. Já a carne suína teve recuo até outubro, com o pernil registrando -9,76% e o lombo com osso, -0,53%.
"Os reflexos dos problemas nos custos de produção que sofremos desde o ano passado, com secas, geadas, alta nos preços dos combustíveis e energia elétrica ainda se fazem sentir, sobretudo nas proteínas. O câmbio alto, favorecendo a exportação das carnes, também contribuiu para manter os preços das proteínas em alta. No entanto, é bom ver que o retorno gradual das chuvas já tem normalizado a dinâmica de diversos preços de alimentos como arroz, frutas, hortaliças e legumes", avaliou Matheus Peçanha, economista do FGV-Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas).
Variações
Para além do aumento devido à inflação, quem se prepara para a ceia ainda sofre com a mudança de valores de estabelecimento para estabelecimento. Em São Paulo, uma pesquisa feita pelo Núcleo de Inteligência e Pesquisas da Escola de Proteção de Defesa do Consumidor do Procon-SP revelou que os preços de produtos que compõem a ceia de Natal apresentam uma diferença de até 124,7% entre um mercado e outro.
Nos sete supermercados analisados, a coleta de preços se dedicou a um total de 63 produtos comparados entre diferentes marcas. Os itens analisados foram: azeites, bombons, lentilhas secas, conservas, farofas prontas, frutas em calda, panetones, chocotones e carnes.
A maior diferença foi registrada no azeite de oliva, que variou R$ 24,92 em valor absoluto. A garrafa de 500 ml chega a custar R$ 44,90 em um supermercado e R$ 19,98 em outro. Já entre panetones e chocotones, tradicionais itens natalinos, a maior diferença foi de 38,63%.
O levantamento ainda identificou um aumento de 17,11% no preço médio em relação ao ano passado, na comparação de mercadorias comuns entre as pesquisas.
Dicas ao consumidor
Em meio à flutuação de preços, especialistas do Procon-SP recomendam comparar produtos entre supermercados diferentes para evitar prejuízos na hora da ceia. Outra recomendação é planejar o cardápio da ceia e listar alimentos, bebidas e ingredientes necessários para o preparo - assim, evita-se compras desnecessárias e por impulso.
Já para quem prefere fazer a compra de forma on-line, a dica dos especialistas é recorrer somente a sites confiáveis e desconfiar de ofertas muito generosas.