O jornal A Cidade consultou especialistas sobre recomendações para se proteger contra raios e os prejuízos causados por eles
O mês, marcado por viagens por conta das festas, começou com alertas de temporais tanto na cidade quanto na região (Foto: A Cidade)
Pedro Spadoni
pedro@acidadevotuporanga.com.br
Apesar da semana ter começado ensolarada, dezembro tem sido chuvoso em Votuporanga. O mês, inclusive, já começou com alertas de temporais tanto na cidade quanto na região. E, geralmente, o mês também é marcado pelas viagens, por conta das festas de fim de ano.
Diante desse cenário, o jornal
A Cidade consultou especialistas sobre recomendações para se proteger contra raios (e os prejuízos causados por eles).
Raios e trovões
Antes de dar as dicas, o coordenador do curso de Engenharia Elétrica do IFSP (Instituto Federal de São Paulo) no campus de Votuporanga, Devair Rios Garcia, explicou como o raio – que, tecnicamente falando, é uma descarga elétrica atmosférica - funciona.
“O que acontece é que a descarga atmosférica sempre vai atingir o ponto mais alto da região [em que cair], porque é uma descarga da nuvem pra terra. E existe uma resistência elétrica entre a nuvem e a terra, porque tem o ar no meio”, disse o docente.
É por isso que, por exemplo, ficar debaixo de uma árvore durante um temporal não é uma boa ideia. “Ela pode ser o ponto mais alto daquela região. Se o raio atingir a árvore, que vai estar molhada e, por isso, vai ser condutora de energia, você vai ser atingido”, disse Garcia.
Agora, se a pessoa estiver numa região descampada e cair um temporal, o perigo está no fato de ela ser o ponto mais alto daquele local. “O ideal seria deitar no chão, para não ser o ponto mais alto. Esse é o primeiro princípio. Mas, na prática, o necessário mesmo é encontrar um abrigo de alvenaria ou uma casa e entrar nela, para estar mais protegido. Um abrigo que não possa se tornar condutor de energia”, disse.
Para quem estiver na água – seja numa piscina, rio, lago ou mar – a dica é sair da água assim que o tempo começar a “fechar”, quando começam a aparecer nuvens escuras no céu. “A água, principalmente a do mar, é altamente condutiva [de energia]. Então pode ser que a descarga atinja uma distância razoavelmente grande de você, mas você vai ser atingido pela corrente elétrica mesmo assim. Não existe distância mínima para isso, porque não tem como a gente precisar a intensidade dessas descargas. Algumas são maiores, outras são menores”, explicou o coordenador.
Casas
Já em relação às residências, o docente do IFSP recomendou que as pessoas tirem os aparelhos eletrônicos da tomada antes de viajarem, para diminuir os riscos de eles queimarem em caso de temporais com raios e trovões.
“Não precisa, por exemplo, tirar a geladeira da tomada. Mas, se possível, tirar, principalmente, os aparelhos eletrônicos, como TV, videogame e DVD. Se houver uma descarga na rede elétrica – e as descargas atmosféricas atingem bastante a rede de energia, porque, em muitas regiões, os postes são os lugares mais altos – vai haver um aumento da tensão e esses aparelhos são mais sensíveis a isso. Então, se a pessoa for viajar, o ideal é tirar esses aparelhos da tomada”, explicou.
Por mais que alguns possam considerar que essa precaução seja um exagero, o corretor Marlon Michel Ferreira Munhoz, que é especialista em seguros residenciais e empresariais, disse que estragos causados por raios em casas é mais comum do que se imagina em Votuporanga.
“Toda vez que chove, alguém tem prejuízo. Tive cliente que teve perda total da residência. Queimou o motor do portão, home theater, duas TVs, computador, notebooks, enfim, tudo que estava na tomada. Se ele [o raio] cai na casa, chega a explodir”, alertou o corretor.
Inclusive, o corretor disse que é comum as pessoas acabarem se arrependendo por não terem incluído a cobertura de estragos causados por raios no seguro das casas. “As pessoas acham que é raro acontecer de um raio cair perto de casas. O argumento que mais usam é que moram perto de algum lugar que tem para-raios, tipo prédios, escolas etc. Então, acabam não optando por essa cobertura, por acharem que não precisa e pelo valor ser irrisório. Mas, como é uma cobertura barata, eu sempre acabo colocando nos contratos”, disse.
O corretor, por outro lado, disse que é possível passar uma vida toda sem enfrentar esse tipo de adversidade. “No meu caso, por exemplo, em quase 30 anos nunca queimou nada em casa [por conta de raios], mas, quando acontece uma situação dessa, infelizmente, o prejuízo é grande. E as pessoas têm que tomar cuidado, porque é mais comum do que a gente acha”, disse.