Testes mostraram que estrutura salvou cobaias em todos os casos. Agora, objetivo é chamar a atenção de indústrias farmacêuticas para desenvolvimento de medicações a partir do projeto.
Sarah Rodrigues é uma das pesquisadoras que desenvolveu partícula que captura cocaína no corpo — Foto: Pedro Gabriel/Secom UFG
Pesquisadoras da Universidade Federal de Goiás (UFG) desenvolveram uma partícula capaz de prender a cocaína presente no organismo e assim evitar que o usuário morra por overdose. A estrutura criada salvou as cobaias em todas os testes feitos. Agora, as estudantes procuram indústrias farmacêuticas que tenham interesse em continuar os testes para fabricar medicamentos baseados no projeto.
O projeto foi desenvolvido pela pesquisadora Sarah Rodrigues Fernandes, com orientação da professora Eliana Martins Lima. A partícula foi feita a partir da nanotecnologia, que usa escala 1 milhão de vezes menor que o milímetro. A droga entra na estrutura, construída com moléculas, e evita que a cocaína continue agindo no corpo. Em seguida, a partícula é metabolizada no fígado lentamente.
“Fizemos todos os testes que podiam ser feitos em laboratórios. Nas cobaias, foi aplicada uma dose letal em seres humanos. Com essa partícula, conseguimos resgatar [as cobaias] do estado de overdose em todos os casos. Não houve nenhuma morte. Em três minutos elas já voltavam a parâmetros vitais mais controláveis”, disse Eliana Martins Lima.
O trabalho mostrou um resultado “surpreendente e muito satisfatório”, segundo a pesquisadora. “Isso comprova a relevância e importância da pesquisa feita. O número de casos de overdose cresceu 50% nos últimos 10 anos”, contou.
Ela explicou ainda que a partícula ajudaria nas situações de resgates emergenciais em casos de overdose, pois a ação da droga é muito rápida no corpo. Porém, a pesquisa abre espaço para que sejam estudados usos em outras situações.
“Podem ser feitas partículas para evitar outras intoxicações, não só por drogas, mas também por medicamento, seja em casos voluntários, como suicídio, ou acidentes, como crianças que tomaram muitos remédios sem saber”, disse.
Agora, as pesquisadoras tentam despertar o interesse de outros setores para o trabalho. “A partir de agora, é preciso uma série de regulações e registros para novos testes, inclusive em seres humanos, que só as indústrias farmacêuticas podem fazer”, completou.