Pelo menos 13 pessoas foram presas, 10 apenas na região de Araçatuba (SP). De acordo com a PF, o valor de R$ 15 milhões foi movimentado a partir do momento que a investigação começou.
Joias, dinheiro e droga foram apreendidos na casa de um dos suspeitos durante operação Tudo Nosso — Foto: Arquivo Pessoal
A organização criminosa alvo da operação "#TudoNosso" da Polícia Federal, deflagrada na manhã desta terça-feira (13), por praticar diversos crimes de desvios de recursos públicos em contratos fraudulentos de empresas "laranjas" e a prefeitura de Araçatuba (SP) movimentou mais de R$ 15 milhões, segundo aponta a Polícia Federal.
Segundo informações da Polícia Federal, 13 pessoas foram presas temporariamente até agora, sendo 10 em Araçatuba, duas em Itatiba e uma em Jundiaí (SP).
O empresário e sindicalista José Avelino Pereira é suspeito de fazer contratos fraudulentos com a prefeitura de Araçatuba (SP). Ele o o filho, Igor Tiago Pereira, atual presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Itatiba, foram presos durante a manhã pela PF.
De acordo com a Polícia Federal, foram expedidos 15 mandados de prisão. Na região de Araçatuba, dos 11 mandados autorizados pela Justiça, foram cumpridos dez até as 11h30. As demais prisões aconteceram em Itatiba, região de Jundiaí.Todos os presos serão ouvidos nas delegacias da região em que as prisões foram realizadas.
Em entrevista coletiva, a delegada Daniela Ferreira Maura Braga, da PF de Araçatuba, afirmou que o valor de R$ 15 milhões foi movimentado a partir do momento que a investigação começou, ou seja, há dois anos e meio. Possivelmente, a quantidade de dinheiro desviado pode ser maior ainda.
“Nós tivemos acesso a poucos contratos. Por questão de sigilo, não podemos pedir mais informações. O que sabemos que os contratos somados nos últimos anos foram de aproximadamente R$ 15 milhões. Contudo, o valor do desvio não consigo afirmar. Alguns contratos apontam para um desvio mensal de R$ 120 mil”, diz Daniela.
Segundo a polícia, o filho e um genro de José Avelino são apontados como sócios “laranjas” de empresas usadas como fachada para participar de licitações fraudulentas.
A investigação da PF começou há aproximadamente dois anos. Mais de 150 policiais federais estiveram nas ruas para cumprir 14 mandados de prisão temporária e 37 mandados de busca e apreensão em Araçatuba, Clementina , Itatiba , Jundiaí e São Paulo.
Mandados de busca e apreensão foram cumpridos simultaneamente em pelo menos quatro secretarias da Prefeitura de Araçatuba, empresas e residências dos investigados.Na casa do sindicalista, em Itatiba, os policiais apreenderam joias, dinheiro e droga. Já na sede do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas Mecânicas e de Material Elétrico de Itatiba e Região, a equipe da PF recolheu um malote com documentos.
Ainda segundo a Polícia Federal, investigações apontaram que José Avelino é o responsável por criar um esquema de desvio de recursos públicos mediante a utilização de várias empresas registradas em nome dos sócios e familiares. O principal objetivo do grupo era fraudar licitações e celebrar contratos de prestação de serviços com o município de Araçatuba.
Além da utilização das empresas, pelo menos uma organização social foi criada pelo líder do grupo e também foi utilizada para os desvios de recursos públicos.
Os suspeitos presos serão indiciados por vários como corrupção ativa e passiva, falsificação de documentos (públicos e privados), peculato, associação criminosa, fraudes em licitações entre outros.
Após serem ouvidos na sede da PF, eles passarão por audiência e, dependendo, da decisão do juiz serão encaminhados para cadeias da região, onde permanecerão custodiados à disposição da Justiça Federal.
O que diz a Prefeitura de Araçatuba
A prefeitura de Araçatuba (SP) informou que os contratos retirados para serem investigados são referentes ao período de 2013 a 2019.
Eles pertencem as empresas “Bolívia” e aos "Instituto da Valorização da Vida Humana”. O foco da operação restringiu a busca em objetos pessoais como notebooks, celulares e computadores utilizados pelos servidores da Prefeitura.
O Executivo ainda informou que preza pela verdade e pelos esclarecimentos dos fatos.