Dr. Darley: são necessárias duas equipes de neuro para atuar na Santa Casa
Andressa Aoki
andressa@acidadevootuporanga.com.br
O neurocirurgião e neurologista, Darley Paulo Fernandes da Silva, recebeu o jornal A Cidade ontem para falar sobre o fim de seus plantões na Santa Casa de Votuporanga. Ele íntegra o corpo clínico do hospital desde 2007 .
“O motivo de minha saída como plantonista na Santa Casa se refere a dificuldade de se montar duas equipes: a de neurocirurgia e a de neurologia clínica”, afirmou. Cada equipe carece de três profissionais em cada área para fazer inclusive o revezamento no plantão. Ele destacou que os setores de alta complexidade da Santa Casa são a UTI neonatal, cirurgias cardíacas e neurocirurgias. Ele pontuou que na UTI neonatal, trabalham sete profissionais. Na cardíaca, seis e na neurocirurgia, apenas dois profissionais médicos. O dr. Darley sustenta que há falta de médicos no hospital diante do número crescente de pacientes. Para ele é necessário que o hospital promova medidas para atrair mais profissionais médicos e mantê-los, atuando em dois departamentos: de neurocirurgia e de neurologia.
O neurocirurgião enfatizou que sua decisão de deixar o plantão médico não foi influenciada apenas pela parte financeira. “Envolve incentivo para a qualidade do serviço, o estímulo científico. O profissional de neurologia gosta de estudar e quer ter tempo para isso. Se não há este tempo, não há estímulo para que o médico se aprimorar”, disse. Segundo ele foi enviada uma nota (comunicado) ao Conselho Regional de Medicina para falar das dificuldades em montar equipes daquela especialidade médica.
Como resultado da sua saída, a Santa Casa comunicou a suspensão dos serviços de neurologia e neurocirurgião. Darley frisou que cada profissional médico se aperfeiçoa em área específica. “É preciso mais médicos para desafogar a estrutura e trabalhar de forma adequada, com tempo para família, especializando e estudando sempre. Para ele com excesso de trabalho a parte científica fica esquecida. Os profissionais devem fazer discussões semanais sobre os casos que estão monitorando”, enfatizou.
Preocupação
Para o dr. Darley o excesso de trabalho médico não é um problema apenas da Santa Casa de Votuporanga, mas dos hospitais do Brasil. “Se tiver um aparato de alta complexidade, e com mais profissionais é melhor para o paciente”, complementou.
O entrevistado acredita que há uma banalização da medicina. “Para formar um profissional neurocirurgião, tem que estudar, no mínimo, 11 anos. A dedicação é de tempo integral e é praticamente impossível conciliar faculdade, residência com trabalho. Ele não busca apenas o reconhecimento”, enfatizou.