Motivo: saúde; maioria por transtornos mentais, comportamentais, doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo
Andressa Aoki
andressa@acidadevotuporanga.com.br
A saúde dos educadores da rede municipal está em xeque. Frequentemente, estes profissionais são diagnosticados com doenças ocupacionais. O cenário é propício: barulho dentro e fora da escola, desrespeito dos alunos, excesso de pressão dos gestores. São males que atingem o corpo e a mente e retiram, a cada ano, centenas de professores das escolas.
De acordo com o levantamento solicitado pelo jornal A Cidade para a Prefeitura de Votuporanga, somente no mês passado foram 105 afastamentos de docentes. O motivo foi a saúde do servidor.
Transtornos mentais, comporta-mentais, doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo são as que mais causam licenças. Em média, são solicitados 12 dias de afastamento.
Estes docentes são trocados por professores adjuntos, contratados, e outros educadores, que ganham por substituição.
As doenças
As pressões do dia a dia se refletem em vários sintomas. Depressão, sensação de esgotamento físico e mental e desânimo são indícios da chamada síndrome de burnout, que se caracteriza por um desgaste que afeta o interesse e a motivação em trabalhar. Crises de choro, de medo e pânico podem ser sinais de que o profissional sofre assédio moral.
Os professores também sentem no corpo. Problemas com a voz, alergias, tendinites, distúrbios do sono, distúrbios sexuais, alterações da atenção e da memória, irritabilidade, agressividade, dores na coluna e de cabeça e problemas cardíacos também estão entre os males que afetam muitos dos que ensinam nas escolas. Psicóloga clínica e hospitalar e mestre em Psicologia pela UFRJ, Elaine Juncken diz que o ambiente de trabalho contribui e muito para estas doenças. “Pode ser uma questão relacionada a um ambiente muito competitivo, onde não há tranquilidade para trabalhar e onde o profissional é desrespeitado com frequência”, disse Elaine.
Um dos riscos é o professor não procurar ajuda médica, por achar que os sintomas estão ligados só a problemas pessoais. Até porque, segundo a psicóloga, as consequências vão além da queda na qualidade do trabalho. “O professor pode abandonar a carreira”, alertou a doutora.