Insatisfeitos com a notícia de que o indicado seria a eutanásia, muitos procuram veterinárias e recebem resultado diferente
Coleira visa proteger o animal da leishmaniose
Karolline Bianconi
karol@acidadevotuporanga.com.br
Donos de cachorros têm procurado veterinárias da cidade para realizar um novo exame quando é constatado pela Secretaria Municipal da Saúde que os animais estão com leishmaniose.
O veterinário Antônio Bernardo Carneiro Neto, 29, recebeu na semana passada sete exames que indicavam que os animais estavam com a doença. Ele repetiu a avaliação, a pedido dos clientes, com testes rápidos, realizados no estabelecimento. Deste número, três eram falsos e no restante ficou constatada a leishmaniose. Nos primeiros dois dias de julho foram feitos cinco novos exames.
Neto disse que muitos cachorros podem estar com doenças de pele como sarna, fungos e bactérias, além de lesões nos cotovelos e calos, nas quais apontam sintomas aparentes de leishmaniose.
Segundo ele, o teste realizado pela Secretaria Municipal da Saúde é muito sensível. “É bom, porém, não específico, onde algumas patologias podem alterar o resultado”, disse. A orientação é sempre fazer um exame de contraprova para poder ter certeza do diagnóstico.
Segundo o veterinário, a doença tem cura. “Os cachorros podem sobreviver e viverem muito bem, não ficam com sequela”. Ele é a favor da eutanásia só se a doença atingir os rins do animal ou se o proprietário não tiver condições de pagar pelo tratamento.
Aposentada relata medo
Uma aposentada que esteve ontem na veterinária de Neto mostrou sua indignação. Ela preferiu não se identificar e preservar a identidade, até porque seus sobrinhos não sabem o que está se passando com os seus animais de estimação.
Ela tem dois cachorros e um deles mostrou estar com a leishmaniose no exame feito pela Secretaria da Saúde. Ela recebeu a notícia na tarde de terça-feira e diz que foi orientada a procurar outro laboratório para fazer outra avaliação. “Eu nem consegui dormir direito. Não posso mandar matar meu cachorro sem ter visto o exame. Por isso que decidiu procurar outro especialista para poder ter uma nova opinião”.
Após consulta, foi colhido um hemograma do animal que indicou verme e doença do carrapato. Neto fez as recomendações necessárias e solicitou que o exame seja repetido daqui 30 dias.
De janeiro a abril, mais de 120 animais precisaram ser sacrificados no município
O jornal A Cidade procurou a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal da Saúde, que enviou nota sobre o assunto.
Em janeiro foram feitos 288 exames, sendo 116 positivos e 172 negativos; em fevereiro 41, onde 19 confirmaram a doença e 22 não. Em março, 64 exames foram realizados com 21 positivos e 43 negativos, e em abril, 40 exames realizados, 20 positivos e 20 negativos. Em relação à eutanásia, de janeiro até abril foram 121 procedimentos realizados.
Para o Secez (Setor de Controle de Endemias e Zoonoses), no que se refere ao Projeto Científico, foram encaminhados três questionamentos.
De acordo com o Departamento de Comunicação da pasta, na realização de exames para detecção da doença há um protocolo a ser seguido, conforme a recomendação do Ministério da Saúde. O material coletado deve ser submetido a dois tipos de testes. O primeiro é um teste de triagem, elaborado e moderno, que identifica os cães que não estão infectados. Este primeiro exame é realizado pelo laboratório municipal ligado a Secretaria Municipal de Saúde. Por conseguinte, para o diretor do Centro de Parasitologia e Micologia do IAL/ SP, Prof. Dr. José Eduardo Tolezano, nos casos em que este primeiro exame apresentar um resultado positivo, o mesmo material é enviado para o Instituto Adolfo Luitz (IAL) de São José do Rio Preto ou de São Paulo, que são os laboratórios oficiais para o diagnóstico confirmatório. Antes de serem distribuídos, alguns testes passam por controle de qualidade no laboratório central da Funed, em Belo Horizonte/ MG, em cumprimento as normativas do Ministério da Saúde.
Quanto à fabricação dos kits e insumos para o teste da leishmaniose, o Ministério da Saúde determina uma análise criteriosa antes de serem distribuídos aos municípios. No Estado de São Paulo, a mesma estratégia é adotada para garantir a eficiência dos resultados.