Mesmo cientes do atropelamento que vitimou dona de casa, eles alegam que “prestar atenção” é a saída para evitar acidentes
Karolline Bianconi
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Moradores dos bairros São Cosme, Damião e adjacências arriscam suas vidas diariamente para fazerem o trajeto casa/trabalho, ou vice-versa, e atravessam a rodovia Euclides da Cunha (SP-320), mesmo com o grande fluxo de veículos. A maioria quer ter acesso às avenidas José Marão Filho ou Nasser Marão, para seguir seu caminho.
Na manhã de ontem, o jornal A Cidade esteve em um dos trechos da rodovia e flagrou a passagem de homens, mulheres e até garotos pela pista. Para eles, basta somente “prestar atenção” nos veículos e saber o momento exato para atravessar. Os entrevistados afirmaram que sabiam que uma mulher (Laura Dias Correa) morreu após ser atropelada na rodovia, na noite de quinta-feira, mas na necessidade de utilizar a Euclides da Cunha, assumem os riscos.
Três garotos que retornavam do clube AABB (Associação Atlética Banco do Brasil), disseram para a reportagem que a maneira mais rápida de se chegar ao São Cosme era “cortar” pela rodovia. “Só de vez em quando a gente faz isso”, contaram.
O pedreiro José Aparecido dos Santos, 48, também mora no São Cosme. Para chegar mais rápido ao trabalho, que fica na avenida do Vale do Sol, ele se arrisca em atravessar a pista de bicicleta. “É perigoso, eu sei, mas o pontilhão fica muito longe”, se referindo ao viaduto que começa na avenida João Gonçalves Leite (popular “avenida do Assary”). Para ele, a única recomendação é olhar com atenção e cruzar a pista.
Agnaldo Moraes trabalha em uma indústria localizada na avenida José Marão Filho. Em sua opinião, não compensa andar vários metros para atravessar com segurança no viaduto. “Faço isso todo dia, não tenho medo. Eu penso assim: quando tem que acontecer algo, ocorre em qualquer lugar”.
Marcelo Rodrigues, 39, ao ser indagado pela reportagem, disse que só cruzou a rodovia ontem pelo local. “Eu não passo por aqui”, afirmou.
Ângela Maria de Melo trabalha em uma empresa que fica do outro lado da rodovia. Para ela, a travessia diária ocorre porque é o caminho mais curto para se chegar ao local. “A Euclides da Cunha é perigosa sim, mas tem que prestar bastante atenção, ver direitinho para atravessar”. Ela estava acompanhada pela vizinha Priscila Iglesias de Oliveira. Ambas cruzaram a rodovia empurrando bicicletas.
Douglas Luiz Clemente, 23, mora no São Cosme e é pedreiro em uma empresa que fica na avenida João Gonçalves Leite. “Atravesso duas vezes por dia. Basta ficar atento e seguir o caminho”, falou.