Documento divulgado nesta semana, mostra que o município está entre os 100 municípios com maiores índices
Leidiane Sabino
leidiane@acidadevotuporanga.com.br
O Mapa da Violência 2014, divulgado na quarta-feira, 2, aponta que Votuporanga está na 59° posição entre os 100 municípios do Brasil de maior índice de vítimas de acidentes de trânsito na população jovem. A pesquisa leva em consideração o ano de 2012, quando o município tinha 21.322 moradores jovens.
Votuporanga registrou a morte de um jovem em 2008; dois em 2009; três em 2010; três em 2011; e dois em 2012, resultando na posição nacional de 59°.
As principais vítimas, segundo o estudo, são os motociclistas. Em 1996, foram 1.421 óbitos no país. Em 2012, 16.223. A diferença representa cerca de 1.041% de crescimento. Há “uma linha reta desde o ano de 1998, com um crescimento sistemático de 15% ao ano”, conforme a pesquisa.
Segundo o sociólogo responsável pela publicação, Julio Jacobo Waiselfisz, a situação é fruto “de um esquema ideológico que apresentou a motocicleta como carro do povo, por ser econômica, de fácil manutenção”. Assim, “em vez de se investir em transporte público, o trabalhador pagaria sua própria mobilidade”. E mais, fez dela o seu trabalho, seja como motoboy, entregador ou mototaxista, “em situação de escassa educação no trânsito, pouca capacidade de fiscalização e baixa legislação”, avalia Julio Jacobo Waiselfisz.
O psicólogo, especialista em mobilidade humana e transporte, credenciado junto à Ciretran, Ivan Herrera Jordão, foi convidado pelo jornal A Cidade, para comentar os dados.
Ivan colabora com artigos semanalmente para os jornais da cidade, com base no que ele tem divulgado e em seus estudos, ele analisa que falta melhor qualificação dos motoristas, essencialmente os motociclistas, que são os mais atingidos em acidentes.
“O próprio Código de Trânsito Brasileiro impede aula de percurso de moto, porque o veículo não possui o segundo piloto como o carro. Nossa luta é que Votuporanga tenha um motódromo pedagógico, onde os candidatos a motociclistas tenham condições de vivenciar situações reais antes de obter permissão ou CNH (Carteira Nacional de Habilitação) definitiva para conduzir moto”, disse Ivan.
Para o psicólogo, Votuporanga pode ser pioneira ao implantar um projeto piloto desta categoria. Ele disse que as lideranças devem se unir em busca de apoio dos governos federal e estadual.
“O espaço poderia servir também para lazer nas horas vagas de quem é adepto de manobras radicais, com segurança”, falou Ivan. Ele comentou ainda que o crescimento da cidade nos últimos anos dificultou o trânsito de carros e, com isso, aumentou a frota de motos. “Além disso, as pessoas abusam um pouco da velocidade. Se você ficar cinco minutos nos trechos de eixo binário, verá o que tem de gente que faz ultrapassagem em cruzamento, não sei como ainda não tivemos acidentes de grande proporção. Velocidade tem que caminhar junto com segurança”, destacou.
De acordo com o Ivan, a posição de Votuporanga neste ranking é reflexo do desenvolvimento econômico da cidade. “Pessoas empregadas conseguem comprar mais veículos”.
O país
Ao todo, foram registradas 46.051 mortes por acidentes de transporte em 2012 no Brasil, 2,4% a mais que em 2011. Os dados oficiais reunidos para o estudo mostram que ocorreram, naquele ano, 426 mil acidentes com vítimas, que devem ter ocasionado lesões em 601 mil pessoas. A situação “é muito séria e grave”, alerta o autor do trabalho, que destaca que é preciso lembrar que “o cidadão tem o direito a uma mobilidade segura e é obrigação do Estado oferecê-la”.