Entidade contesta o discurso do presidente da Câmara na sessão; para representante, pronunciamento foi preconceituoso
Emerson Pereira e Kalynca Pereira estiveram na Rádio Cidade
Andressa Aoki
andressa@acidadevotuporanga.com.br
O discurso do presidente da Câmara Municipal, Eliezer Casali, sobre a realização da Parada do Orgulho Gay de Votuporanga no último domingo, causou polêmica. A ONG (Organização Não Governamental) LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) já acionou o setor jurídico e o MP (Ministério Público) cobrando providências.
Para a representante da enti-dade, Kalynca Pereira, o pronunciamento de Eliezer foi precon-ceituoso. “O presidente do Poder Legislativo fez uma colocação desnecessária. Ele disse que se fosse para promover eventos sobre diversidade, deveria fazer para diabético, aidético. Não são aidéticos, são portadores de HIV. Esses termos não são usados. Eliezer está equivocado, porque nem toda a população LGBT tem vírus HIV”, disse no programa Jornal da Cidade, na Rádio Cidade. Ainda de acordo com Kalynca, dos 300 portadores de HIV na cidade, apenas 14 são gays.
Briga
Sobre a detenção de travestis que estavam com facas no evento, Kalynca afirmou que não houve briga. De acordo com ela, a confusão começou por causa de um concurso realizado no sábado para escolher representantes da categoria e que o organizador teria deixado de comunicar as demais participantes.
O secretário municipal de Direitos Humanos, Emerson Pereira, que também estava na Rádio Cidade, explicou que o grupo de travestis de São José do Rio Preto se sentiu ofendido, porque queria participar do concurso. “A turma dizia que a vencedora não estava dentro dos requisitos. Então, comprou a briga. Mas a polícia já tinha ciência dessa confusão e se preveniu”, destacou.
Sexo
Rebatendo ainda o presidente da Casa de Leis, Eliezer Casali, a representante da ONG disse que nestas paradas os participantes não fazem sexo em vias públicas. “Não tem nada disso”, afirmou.
Apoio
Emerson Pereira declarou apoio ao grupo. “Eu, como representante dos Direitos Humanos, eu tenho que defender essas pessoas. O presidente da Câmara, Eliezer Casali, é meu amigo, ótimo vereador, companheiro de trabalho, mas eu compro essa briga da comunidade e acredito que sua fala (do Eliezer) foi muito infeliz em questão a Parada Gay. O evento não tem intuito de desfile, mas de conscientização da população. É uma grande festa de trabalho com SAE (Serviço de Atendimento Especializado) Temos quase 300 pessoas convivendo com HIV e outras doenças, temos que conscientizar o público em geral da prevenção. Isso ocorre através de manifestos”, ressaltou.
“Eliezer Casali é livre, mas como um homem de Deus, como representante da comunidade LGBT, luto contra a atitude que ele teve. Ele deveria ter ficado neutro porque foi um evento que não condiz com o que ele falou na tribuna. Se você não fala a verdade, não deveria encher linguiça na Câmara. Há mais coisas na Câmara do que criticar uma ação que vem sendo desenvolvida com muito êxito”, complementou.
Entenda o caso
O presidente da Câmara Municipal, Eliezer Casali, falou em seu tempo de tribuna a respeito da realização da 1ª Parada do Orgulho Gay. Para Eliezer, não há necessidade de promover um evento como esse. “As pessoas têm que conquistar o respeito de forma natural. Temos que encarar de forma natural. Tivemos relatos de Paradas em São José do Rio Preto em que os participantes faziam ato sexual em via pública. Se for para promover eventos sobre diversidade, vamos fazer para diabéticos, aidéticos... Não podemos ter preconceito e é isso que eu defendo”, disse.
Ele comentou ainda sobre a detenção de vários travestis de São José do Rio Preto e Votuporanga que não aceitaram a vencedora da faixa “Miss Diversidade” e pretendiam iniciar uma ameaça utilizando várias facas. “Se a polícia não tivesse lá, ia sair morte. Se for para acontecer parada dessa forma, está errado. Temos que amar e respeitar essas pessoas em Deus”, complementou.
O presidente da Casa de Leis, Eliezer Casali, estará na Rádio Cidade, na próxima segunda-feira, a partir das 10h30, para dar sua versão sobre os fatos.