Osório Casado, o homem que deu o nome ao estádio Plínio Marin, conta um pouco do que vivenciou e ouviu sobre no município
Leidiane Sabino
leidiane@acidadevotuporanga.com.br
Para destacar fatos importantes da história de Votuporanga neste 8 de agosto, data do aniversário de 77 anos da cidade, Osório Casado foi o entrevistado do programa Jornal da Cidade, da Rádio Cidade. Ele falou de momentos para relembrar e guardar deste rico e importante município.
Osório contou que o obelisco que será inaugurado hoje em homenagem aos pioneiros da cidade tem na lista dos primeiros moradores de Votuporanga o nome de seu pai, Adolfo Casado.
Nascido na fazenda Piedade, em Votuporanga, em virtude de um problema no cartório local, Osório teve seu registro efetivado em Cosmorama.
De sua infância, ele recorda de muitos fatos. “Aos 5 anos de idade, meu pai me levava para todos os lugares, principalmente para assistir futebol no tempo dos times VEC e América, antes da criação da Votuporanguense, que nasceu de uma fusão das duas equipes, no ano de 1.956. Em uma reunião, no estádio Plínio Marin, entre lideranças e também senadores, deputados e dirigentes do América Futebol Clube e VEC, houve a formação da Associação Atlética Votuporanguense. No local, havia dois moleques xeretas, um era o Osório Casado e o outro o Nei Arquimedes Neves. Quando houve a discussão para a denominação do estádio, perguntaram qual seria a minha sugestão, falei Plínio Marin e ele ficou todo contente. O pessoal gostou e acatou a ideia. Plínio Marin e eu sempre tivemos muita simpatia um pelo outro”.
Na época, o América treinava onde era a Saev Ambiental (Superintendência de Água, Esgoto e Meio Ambiente de Votuporanga), depois passou para o campo onde está hoje a Escola Estadual Professora Uzenir Coelho Zeitune e o VEC ficava onde é o Plínio Marin hoje.
Criação da cidade
“Votuporanga sabe que os alemães lotearam aproximadamente 1.200 propriedades rurais pequenas, para desenvolver o comércio e a cidade. Inclusive, na agropecuária, no município, nós tivemos grandes destaques na lavoura de algodão e de café, que entre as décadas de 1.940/50, eram o ouro do Brasil, tinha nesta cultura a liderança da família Comar, a coisa mais bonita era ver os caminhões vindo de Parisi para a fazenda Comar em Votuporanga e para a máquina para beneficiar o café. Depois, a família Mastrocola também teve grande liderança na produção de café. Eles elevaram o nome de Votuporanga ao exterior”, contou.
De acordo com Osório, a família Comar tinha a máquina de beneficiamento, onde hoje é a loja Emplac e a Saev, em todo aquele quarteirão. Eles transportavam o café beneficiado para Santos e, depois, para o exterior. “No algodão, se destacavam várias famílias, com a Abe, Watanabe e Nakabashi, mas a liderança no algodão era da família Abe, que, inclusive, suas propriedades eram de Votuporanga e Nhandeara, antes de chegar no rio São José, onde tinha a famosa cerâmica, que na época foi da família Vendramini, depois do famoso Manoel Matta, que também foi um grande pioneiro em Votuporanga”.
José Pinar também foi grande agropecuarista, produtor de café e primeiro leiteiro da cidade.
Nesta época tinha duas estradas para Nhandeara, a do Cruzeiro e a da Vila Carvalho. “A família Abe ficava mais para o lado da Vila Carvalho e da cerâmica”.
Praça
Na praça Fernando Costa existia uma capela, onde hoje é a fonte. Depois, foi construída a igreja. A capela tinha um grande destaque e muitos fiéis, porque era a cidade inteira que se dirigia até lá. “Através de quermesses é que depois se pensou na construção da igreja que temos hoje e que é o grande orgulho da cidade e toda região. Surgiram daí, outras pessoas, outros pioneiros, como o Silvério Vespa, na construção do primeiro prédio da rua Amazonas, esquina com a rua Ceará, posteriormente, Mário Pozzobon, com a construção do prédio da rua São Paulo, esquina com a Mato Grosso”.
Circo
Osório lembrou-se de uma história inusitada. “A cidade era visitada por vários circos, com a participação de artistas famosos. Em um desses, instalado onde hoje é a Caixa Econômica Federal, os seus membros foram pescar e caçar e, na volta, se esqueceram de retirar as munições e colocar as balas de borracha. Infelizmente, na hora do espetáculo, houve tiroteio e uma das pessoas atingidas foi o senhor Pedro Bortoloti, pai do vice-prefeito, Waldecy Bortoloti, que ficou cego de um olho, e outras pessoas também foram atingidas”.
Fogo no centro
da cidade
“Nossa residência era no bairro Santa Luzia, perto da igreja e ouvimos o fogo. Existia a livraria Martins, ao lado da Casa Dias e Pastorinho, o incêndio começou pela livraria e atingiu a Casa Dias e quase o quarteirão todo virou cinzas. Eu era criança e toda a cidade inteira foi ver o fogo subir, parecia que estava chegando ao céu. Vieram caminhões de água de toda a região para ajudar a apagar. Dava medo, parecia que estava acabando o mundo. Foi um desastre para a cidade”.
Bailes
A família Manoel Matta tinha o Cine Paramont, ao lado havia um salão grande onde eram realizados os bailes e brincadeiras da cidade, de grande movimento, onde os jovens se encontravam.