Em entrevista à Rádio Cidade, o presidente da Câmara afirmou que o movimento é uma apologia a homossexualidade
Eliezer Casali esteve na Rádio Cidade
Andressa Aoki
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O presidente da Câmara Municipal, Eliezer Casali, esteve no programa Jornal da Cidade, da Rádio Cidade, ontem pela manhã. Na ocasião, ele respondeu as afirmações do secretário municipal de Direitos Humanos, Emerson Pereira, e de Kalynca Pereira, representante da ONG (Organização Não Governamental) LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros), que o acusaram de ser preconceituoso.
Para ele, a Parada Gay é uma apologia. “As pessoas vão lá (no movimento) para fazer uma ostentação. Nos históricos dos eventos, sempre há problemas como brigas, discussões. Em Votuporanga, havia um grande número de policiais presentes. Na Parada Gay, em São José do Rio Preto, no mês passado, em determinada hora da noite, teve ato sexual no meio da rua. Todas paradas gays dão problema”, enfatizou.
Eliezer falou ainda sobre a atuação da Polícia Militar no ato de Votuporanga. “Dois participantes começaram a discutir, a polícia interviu e, na revista pessoal, achou facas. O objetivo das pessoas é desfilar ou ir lá para se matar?”, complementou.
Para o presidente da Casa de Leis, o movimento não busca a conscientização. “Eu acho que respeito a pessoa conquista de modo natural, com seu modo de agir, estilo de vida. Com sua discrição, não é fazendo uma Parada, que esses cidadãos vão conquistar respeito. Se impusesse respeito a todo setor, então todo mundo deveria fazer evento. E não é isso. Se for para conquistar respeito e diminuir o preconceito, vamos fazer paradas para todos, para aidéticos, diabéticos, idosos, deficientes físicos. As pessoas que portaram facas, respeitaram o movimento? As pessoas foram lá armadas, que respeito têm com os outros que estiveram lá?”, questionou.
Respeito
Eliezer repercutiu seu pronunciamento na sessão da Casa de Leis, da semana passada, quando falou sua opinião a respeito da Parada do Orgulho Gay em Votuporanga, realizada no dia 24. Ele ressaltou que respeita os homossexuais. “São pessoas comuns, como qualquer outra, que temos que respeitar, amar e valorizar. Sou contra todo tipo de preconceito, porque o homossexual é um filho de Deus como qualquer um de nós. Eu fundamentei meu discurso com o catecismo da Igreja Católica, é a doutrina da Igreja que diz que os homossexuais devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-a todo tipo de discriminação injusta. Sou isento de preconceito. Tenho muitos amigos gays, que respeito, admiro, pessoas com potencialidades, talento, profissionalismo, que convivo naturalmente”, disse.
Acusações
Eliezer afirmou ainda que se sentiu ofendido com os apontamentos de Emerson e Kalynca na Rádio Cidade. “Essas pessoas têm que entender que quando se faz evento para promover diversidade, tem que aceitar a opinião diversa. Vivemos em uma democracia e não ditadura. A sociedade tem que entender e não pode se manifestar contra? Sou contra o preconceito, refuto todo tipo dele, mas condenar as pessoas de preconceituosas porque têm opiniões contrárias à realização da Parada, isso é absurdo, não concordo”, ressaltou.
Eliezer afirmou ainda que não fará boletim de ocorrência contra Emerson e Kalynca porque não vê necessidade. “Mas se entrarem com processo, eu vou me defender”, complementou.
Casamento
Ele falou também sobre o casamento homoafetivo. “Hoje temos uma decisão do Supremo Tribunal Federal que é um absurdo. O órgão passou a legislar. Baixou uma norma dizendo que é lícito um casamento homossexual. Se ele decidiu uma coisa, cabe à Câmara e Senado contestar isso. O Supremo cria lei no Brasil. Se no casamento comunitário, que realizamos todos os anos em Votuporanga, tiver casais homossexuais teremos que fazer o matrimônio, é direito deles”, disse.