Consumidores devem pagar a conta do ‘estresse’ no setor elétrico brasileiro com a falta de chuvas
Isabela Jardinetti
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Com o reajuste extra, o aumento da energia este ano pode chegar a 40%. A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) aprovou no começo de fevereiro uma proposta de aumento nas taxas extras das contas de luz. No projeto, os aumentos serão de 66% e 83% nas cobranças extras referentes às chamadas bandeiras tarifárias amarela e vermelha, respectivamente. O texto será debatido em consulta pública e, depois, volta à diretoria da agência. Se mantido, o aumento valerá a partir de 1º de março.
O aposentado Wilson Soares de Lima está preocupado com a situação, pois a cada mês percebe um aumento em sua conta de energia. “Os governantes seguraram demais esse reajuste, agora soltam de uma vez, fica abusivo, e o povo não está aceitando. Com essa crise da água as usinas não têm como produzir, dessa forma a tendência é aumentar ainda mais o preço da conta, porque o custo de uma termoelétrica é maior né”, disse.
Wilson também falou sobre como tenta economizar energia em sua residência. “Vou apagando as luzes por onde passo, tento economizar o máximo possível com banhos curtos, e também deixo o ar-condicionado ligado por menos tempo”.
As bandeiras tarifárias estão em vigor desde janeiro deste ano. O sistema (verde, amarela e vermelha) sinaliza ao consumidor o quanto pagará a mais na fatura do mês seguinte em virtude do custo médio da geração elétrica, que encarece sempre quando o uso de usinas termelétricas é mais intenso.
Segundo cálculos de especialistas, para manter a sinalização negativa que vigora desde o começo do ano em todo país, o valor médio pago pelos consumidores nas faturas mensais passará de R$ 65,20 para R$ 74,15. Isso porque a Aneel propôs que o valor da bandeira vermelha seja elevado de R$3 a cada 100 quilowatt-hora (kWh) consumidos no mês para R$ 5,50 – um aumento de 83%. Para a bandeira amarela, a cobrança extra deverá saltar de R$ 1,50 para R$ 2,50 por 100kWh. A sinalização verde, praticamente impossível de ocorrer este ano, não altera preços de tarifa.
Exceção
A dona de casa Elaine Cristina Pimentel disse que a sua conta veio mais barata este mês. De R$341,00 a um consumo de 523 kw/h para R$300,00 em um consumo de 440 kw/h. “A conta já está alta há um bom tempo. Veio menor desta vez porque economizados. Com o início do período de chuvas, ligamos menos o ar-condicionado e isso ajudou bastante”, contou.
O que são as bandeiras tarifárias?
O sistema cria uma relação entre o valor pago pelo consumidor e o custo atualizado pago pelas geradoras. Além de indicar que o custo de geração de energia está elevado, por conta do acionamento de termelétricas para poupar água nos reservatórios, o sistema de bandeiras repassa mensalmente às tarifas parte dos custos adicionais na geração. Com isso, a receita que as distribuidoras tiverem com o pagamento será descontada do cálculo do reajuste tarifário anual. As bandeiras funcionam como um semáforo de trânsito: a verde significa custos baixos para gerar a energia, portanto, a tarifa de energia não terá acréscimo naquele mês. A amarela indicará um sinal de atenção, pois os custos de geração estão aumentando. Já a vermelha mostra que o custo da geração está mais alto.