Moradora diz ter flagrado funcionário de empresa despejando restos de obra no local, a cerca de 100 metros de mata nativa
Jociano Garofolo
garofolo@acidadevotuporanga.com.br
Uma moradora do Residencial Monte Verde denunciou nesta semana ao A Cidade, e também à Ouvidoria Municipal, que funcionários de uma empresa contratada pela Prefeitura para a construção da creche escola daquele bairro, estariam usando um terreno baldio do bairro para descartar o entulho da obra. Na última segunda-feira (9), ela fotografou com o telefone celular o momento em que um dos operários descarregava material no local, com um carrinho de mão.
O entulho, em grande quantidade, está depositado em frente ao cruzamento das ruas Eder Machado de Oliveira e Aramis Mendes Gonçalves. O terreno baldio que está recebendo os vários tipos de detrito fica ao lado da obra da creche, e a pouco mais de 100 metros de uma área de preservação ambiental.
Aparecida de Fátima Ferreira de Souza, dona de casa, mora a um quarteirão do local. Ela conta que na última segunda, estava no ponto de ônibus localizado na rua da creche, quando avistou um funcionário da obra transitar com um carrinho de mão, carregado com entulhos. Em seguida, viu o material ser depositado no terreno. A situação chamou a atenção da mulher, que registrou em fotos o momento.
No dia seguinte, ela procurou a Ouvidoria, que registrou a reclamação e informou que entrará em contato no prazo de até 15 dias, para dar uma resposta sobre o caso. A moradora afirma que a situação preocupa pelo risco de poder causar doenças como a dengue, e classificou como um “mau exemplo”, que pode motivar outras pessoas a fazerem a mesma coisa. “Se eles estão jogando no terreno o entulho de uma construção maior, outros podem pensar que também podem descartar. E isso é um perigo. Minha vizinha já encontrou dois filhotes de cobra, e eu, um escorpião dentro de casa”, diz Aparecida.
No terreno, a reportagem encontrou grande quantidade de entulho. Pedaços de telhas, de concreto, várias latas de tinta vazias, tijolos, sacos de cimento e cal, isopor, madeira, plástico, lâmpadas fluorescentes quebradas e blocos de dois furos, semelhantes aos usados na obra da creche. Há também restos de marmitas.
A obra é realizada com recursos do Governo do Estado, com um investimento de R$1,2 milhões. A data de entrega estipulada, segundo um painel informativo em frente ao local, era para outubro do ano passado.
Recentemente, o A Cidade publicou reportagem mostrando vários pontos de descarte clandestino de lixo que se espalham por toda a cidade e alertou sobre o risco de multa para quem descumprir a legislação. Segundo a lei de 10 de junho de 2014, a multa aplicada para quem for flagrado jogando lixo irregularmente em terrenos e áreas de proteção é no valor de 350 Unidades Fiscais do Município (UFM), equivalente a R$ 1.027,65, sendo dobrada a cada reincidência cumulativamente.
Por meio da assessoria de comunicação da Prefeitura, a Secretaria de Obras de Votuporanga informou que já está tomando as devidas providências junto à empresa responsável pela obra.