Representantes do grupo se concentraram em frente ao Paço Municipal na manhã de ontem
Isabela Jardinetti
isabela@acidadevotuporanga.com.br
Os integrantes do movimento sem-terra que teve seus barracos desmanchados pela Prefeitura na semana passada, na Vila Carvalho, se reuniram ontem pela manhã novamente em frente ao Paço Municipal. Eles queriam ter uma nova conversa com o prefeito.
Junior Marão disse em seu programa de rádio que recebeu os representantes do Movimento em seu gabinete e disse a eles que, como prefeito da cidade, tem que fazer cumprir a lei.
“É importante dizer que essas ocupações não são legais, pois ocupam estradas que são feitas para ir e vir. E eles estão ali para reivindicar algo, no caso deles, terras em nossa região. Em conversa, disseram que queriam terras e deixamos claro que essa situação está diretamente ligada ao Governo Federal, que é o Incra. Mas eles disseram que em nossa região existiam áreas que podiam ser ocupadas”, disse.
Porém, os integrantes disseram ao prefeito que há proprietários com interesse em vender essas terras para o Incra, mas não disseram os nomes.
“Eu disse que, como representante do município, não poderia permitir que eles ocupassem áreas de forma irregular. Disse também que se eles tivessem um documento do Incra e com os nomes desses proprietários, que nós poderíamos sentar novamente e aí estabeleceríamos um cronograma dessas áreas. Sou a favor da reforma agrária, porque é um movimento importante, mas entendo que em nosso município não exista áreas improdutivas”, contou o prefeito.
De acordo com o secretário de assuntos jurídicos da Prefeitura, Mário Fernades Junior, a Administração Municipal recebeu os manifestantes por ter uma preocupação social com eles. “Embora não seja problema de Prefeitura, pois terra é de responsabilidade do Incra, nós não podemos ficar insensíveis à essas questões. O combinado é que se eles arrumarem um local efetivo em que fazendeiros tenham o interesse de vender e alguém de poder de decisões do Incra vier aqui e disser que vão comprar essa área para realizar o assentamento, o prefeito vai procurar um local adequado para eles ficarem até o processo dessa compra ser finalizado”.
Mário ainda disse que eles voltaram para a Prefeitura com a intenção de uma nova conversa. “Nós só reafirmamos o que já tínhamos dito na sexta-feira e deixamos claro que se eles acampassem em outro local do município, vamos pedir novamente a reintegração de posse”.
Marcelo Silva Santos, o líder de grupo, disse que já fez contato com o Incra em São Paulo para poder apresentar o documento solicitado pelo prefeito Junior Marão. “O ouvidor do Incra vinha hoje para Votuporanga, mas teve alguns problemas. Nós temos dois fazendeiros interessados em vender terras, já explicamos para eles a forma de pagamento que é em títulos, TDA (título de dívida agrária), que é pago em cinco anos. Eles estão de acordo com isso”.
Ele ainda disse que os integrantes vão aguardar até segunda-feira para sentar novamente com a Prefeitura para um acordo.
O vereador Jura (PT) esteve presente durante o manifesto e disse que questão da reforma agrária é um direito constitucional. “Meu mandato junto com o pessoal é com o intuito de intermediar, onde há reforma agrária pressupõe atrito, porque mexe com interesses. Nós queremos debater a questão da ocupação democrática da terra e o Incra de São Paulo compra terras, é essa questão que estamos trabalhando”, disse.