Adélia, presidente da Airvo
Leidiane Sabino
Adélia Aparecida Porto, presidente da Airvo/Sindimob (Associação Industrial de Votuporanga/Sindicato das Indústrias do Mobiliário), pontuou os principais motivos destas demissões na indústria.
Segundo Adélia, o momento atual deve-se ao processo de desindustrialização iniciado há mais de dez anos com abertura de mercado para produtos da China, sem imposto, enquanto à indústria nacional foi pagando cada vez mais impostos sem receber incentivos fundamentais para a geração de empregos e renda.
Com relação às demissões da indústria, Adélia falou que são os números de um país que optou por importar produtos com impostos mais baratos e esqueceu da importância dos empregos no Brasil.
Para Adélia, não existe fórmula mágica para o setor voltar a crescer. “A crise está aí e precisamos cortar gastos. O modelo econômico de crescimento apoiado num consumo superficial, que não valorizou a indústria nacional, só podia gerar isso. O governo federal precisa dar mais autonomia para o estadual, cortando gastos da enorme máquina pública que se formou nos últimos dez anos, o estadual tem que fazer a mesma coisa, diminuir de tamanho, cortar gastos, investir só no que for estritamente necessário”.
Adélia ainda destacou o papel da Prefeitura. “O município, esse sim, deve ser o grande interlocutor de um país saudável. É o princípio da subsidiariedade. A palavra é grande e feia, mas é essencial: ela é o princípio de que todo problema deve ser resolvido na instância menor possível. Se tem um problema, resolva-o você mesmo. Se não dá, resolva com sua família, a primeira e mais importante célula da sociedade. Se não dá, resolva com seu bairro, e depois com seu município, e só casos muito especiais, como rodovias, redes de saneamento básico ou alguma questão específica na área da saúde, se resolve em escala estadual ou federal. Em resumo: reduzir impostos, reduzir gastos, reduzir burocracia, parar de mudar as leis a cada segundo. Resumindo mais ainda: governo, saia da frente do empresário!”, destacou.
Expectativas para 2015
“Nesses próximos meses nós vamos a luta. A economia brasileira está muito politizada, com inúmeras interferências de gente que não faz ideia de como funciona uma empresa, gente que conseguiria falir loja de 1,99 mesmo na época que um real valia um dólar. Até o final do ano precisaremos concentrar nossos esforços, economizar e estudar onde o mercado está mais vivo, porque será um longo ano. É péssimo que estejamos vivendo num país assim, mas as empresas que mais se aproximaram de conchavos políticos, de ilegalidades, são as que mais lucraram”, destacou Adélia.
A presidente da Airvo ainda destacou o trabalho das empresas locais. “Nós, aqui em Votuporanga, sempre preferimos investir em qualidade de produtos e serviços ao invés de amizades estratégicas no Planalto, e parece que devemos pagar por nossa honestidade. A crise não vai passar até o final do ano, e nem no ano que vem. Mas continuaremos a acreditar nos nossos valores e princípios. Já passamos por outras crises, e passaremos por essa também, por maior que seja”, finalizou.