Juiz Sergio Barbato Junior abordou algumas soluções que podem diminuir a grande população dos presídios do país
Juiz Sergio Barbato Junior
Isabela Jardinetti
isabela@acidadevotuporanga.com.br
Votuporanga sediou ontem, o primeiro seminário sobre o sistema prisional. O palestrante principal, o juiz Sergio Barbato Junior, falou sobre os números da população presidiária no país e também abordou algumas possíveis soluções para diminuir estes números tão alarmantes.
“O Brasil tem a quarta maior população carcerária do mundo. O número de prisões no país nos últimos 30 anos cresceu seis vezes, e cerca de 50% ou 60% são presos provisórios sem sentença definitiva”, disse o juiz.
Ele também apontou algumas soluções, a principal delas é o fortalecimento do sistema de fiscalização do regime aberto e perder a cultura do regime fechado. “No Brasil, acredita-se que se a pessoa ficar presa ela vai pagar por seus atos, mas há alguns tipos de crimes que podem ter algumas penas alternativas, sem a pessoa ter quer ficar presa, por exemplo, se um indivíduo furtar uma cadeira, que ele pague duas, sem a necessidade de estar preso e assim conseguiríamos diminuir boa parte dos presos. E só ficariam nos presídios pessoas que cometessem crimes mais graves como homicídios”, comentou Barbato.
Também esteve presente o delegado Ali Hassan Wanssa, que comentou sobre a época em que era diretor da Cadeia Pública de Votuporanga. O anfitrião do evento, o secretário de Direitos Humanos, Emerson Pereira, agradeceu a todos os presentes.
“Esta é uma manhã importante para a Secretaria, que em apenas de dois anos de existência realizou mais de seis mil atendimentos prestados e hoje debatendo um tema de suma importância. Nós vemos que é um tema que divide opiniões e é importante debatermos a humanização dentro dos presídios. É comum recebermos denúncias da humanização precária que os presídios oferecem. Temos que ter a consciência que há necessidade de uma revisão do sistema prisional. Temos que aceitar que o preso tem que pagar pelos seus atos, mas enquanto ele estiver lá, que o Estado invista em mais qualidade de vida para eles e, principalmente, na ressocialização e que eles saiam prontos para se interagir na comunidade como um todo”, comentou Pereira.
O prefeito Junior Marão também esteve presente no evento e falou sobre a importância do debate. “É uma satisfação muito grande termos uma área voltada para os Direitos Humanos em nossa cidade. A responsabilidade principal é do Estado e não do município, mas a criação dessa Secretaria foi buscar uma aproximação das pessoas que merecem um olhar especial por parte do Poder Público. Uma das maiores ações que temos feito foi a criação do Votuporanga em Ação 2, para atender ex-presidiários, para que eles tenham melhores condições de enfrentar o mercado de trabalho”, contou.