Da redação
A Coronel Helena dos Santos Reis iniciou sua palestra relatando sua experiência frente à Polícia Militar. Ela contou que muitas pessoas ficavam admiradas em ver uma mulher negra ocupando a sua função. “Ainda causa surpresas, porque, além de ser mulher, sou uma autoridade, respondo pela Corporação e sou negra. Há muito ainda que trabalhar o preconceito e a educação das pessoas”, destacou.
Helena é a primeira mulher a ocupar a função no CPI-5 (Comando de Policiamento do Interior). Ela comanda um efetivo de 2,2 mil policiais, 600 deles em Rio Preto, em uma área de 96 municípios e 1,4 milhão de habitantes. A Coronel Helena é a quarta mulher a chegar ao posto mais alto da corporação (coronel).
Na opinião da Coronel, a família, que é o primeiro núcleo social das crianças, deve ensinar que todas as pessoas são iguais, independentemente da cor da pele. “É papel dos pais, depois da escola, mostrar isso. E mais: devemos valorizar as crianças negras, mostrando que elas têm o mesmo valor”, falou.
Para Helena, atitudes na infância, que na maioria das vezes podem ser consideradas irrelevantes, tendem a formar um adulto sem autoestima. “Hoje muitas mulheres possuem trauma do cabelo porque, enquanto crianças, as mães não mostravam paciência ao penteá-los, fazendo comentários que até poderiam ser engraçados, mas que no fundo ofendiam. Vemos uma sociedade na qual as mulheres não aceitam os cachos ou a cor do cabelo, e passam a alisar os fios, pintar de outra cor. Cada um faz o que bem quiser, mas devemos nos aceitar porque somos únicas”.
Durante sua fala, ela propôs uma reflexão. “Não basta constatar que a população negra é a mais pobre. É preciso compreender as razões pelas quais ela permanece pobre. Por que é mais difícil para o negro ascender na sociedade?”.
Em seguida, o professor Bruno Miguel Magalhães ministrou palestra, explanando sobre a história do negro no Brasil até Zumbi dos Palmares.