Para tudo há um tempo, na vida. Tempo para a alegria, e para a tristeza. Para o amor e para o desamor. Tempo para plantar e tempo para colher. Há o tempo para nascer, crescer e morrer, principalmente. Esses pensamentos e frases inspiradoras constam da Bíblia (Marcos, 4.26-29), segundo me informa um site da internet.
Não sei exatamente se São Marcos falou a respeito de um tempo de recolhimento. De uma necessidade do homem se recolher para dentro de si mesmo, um dia. Por um tempo, que seja. Para se resguardar. Para se analisar. Para esperar que a vida passe. Para ver dentro de si mesmo.
Não há nada que prefacie essa necessidade, ao menos conscientemente.
Ela surge assim, do nada, e te pega por inteiro. Aconteceu comigo há um mês. Essa necessidade de recolhimento é imperiosa e urgente.
Talvez, os psicólogos que buscam a tudo e a todos analisar saibam melhor do que eu o que aconteceu comigo e o por que. Se bem que, de verdade, não me interessa saber o porque disso tudo. Provavelmente, irão dizer que é depressão. Está na moda. Todo mundo está depressivo, hoje em dia, parece. Na mesma linha do que dizem sobre uma criança um pouco mais irrequieta, ela logo é rotulada de hiper-ativa. Imagine...
Não é nada. Deixem-me sentir. E ser. E pensar que o espírito seja mais sábio, esperar que o corpo se recomponha e se coloque são, em total acordo com a matéria.
Aguardo que a sensação se vá, de um momento para o outro. Penso que isso pode ser físico, apenas, como o outono que chega e aquieta a natureza, para que ela resista ao inverno e alcance, breve, lépida e faceira, o tempo da primavera.
É o instinto que me avisa: “recolha suas garras, deponha suas armas, finja-se de morta, e não pense, e não tente, e não faça nada, respire, apenas. E seja, apenas.
Coincidência ou não, até o horóscopo diário, que leio mais por hábito, do que por crença, alerta: “fase de recolhimento e necessidade de solidão”. “Pode ser simples cansaço”, me disse alguém.
Sim. Pode ser. Cansaço, fastio, tédio. Solidão, tristeza, saudade, angústia... Fisicamente, passei em todos os exames. Triglicérides, colesterol total, urina, hormônios, tudo limpo, normal e saudável, como deve ser um adulto, na minha idade e meu biótipo, caucasiana, mignon, madura...
Sei lá. Que venha logo o inverno, para que eu possa alcançar a primavera, é o que almejo ardentemente. E que essa fase de recolhimento passe, como tudo na vida passa.
Norma Moura é advogada, micro-empresária e estudante. kairosbrinquedos2009@hotmail.com