Quando Deus idealizou a criação do homem à sua semelhança pensou em todos os detalhes que a vida lhe fosse exigir. Ele foi excepcionalmente espetacular e nos aparelhou de forma que a maioria dos órgãos tivesse substitutos naturais. Deu-nos duas pernas e dois pés para que pudéssemos andar de forma cadenciada e sem dificuldades de locomoção, mas sabia o Mestre, que seríamos capazes de andar mesmo com uma delas, amputada pela nossa imprudência aos volantes ou mesmo por consequência genética. Duplicou também os braços e as mãos porque sabia que teríamos dificuldades no manuseio dos objetos de um lado para o outro, mas não Se esqueceu de dar habilidades aos que por um motivo ou por outro não dispusessem de ambos. O nariz também dividiu em dois orifícios simétricos para que pudéssemos oxigenar os pulmões com um deles mesmo que o outro tivesse acometido de insuficiência física. Os ouvidos também foram duplicados porque entendeu o Senhor que precisaríamos muito ouvir, mas muito mesmo. Quanto mais ouvíssemos menos erros cometeríamos. Com a boca foi diferente, preferiu não prover duplicidade porque entendeu que a maioria de nossos erros sairia com o mau uso que faríamos dela. Agora, com os olhos o Senhor foi espetacular. Deu-nos dois belíssimos e brilhantes para que pudéssemos ver tudo que Ele criou a nosso redor, principalmente a nós mesmos. Quando fomos agraciados com os órgãos duplicados simplesmente Ele nos deixou utilizá-los de forma livre. Acenaríamos com a mão quando fosse conveniente, movimentaríamos de um lado para outro com as pernas quando bem quiséssemos, mas com os olhos foi diferente. Sugeriu que fizéssemos flexões para baixo e para cima, para o lado esquerdo e para o lado direito, para trás e para frente e também para dentro. Disse o Senhor que esses movimentos trariam, sem dúvida, um aprendizado significativo e da maior importância para cada um de nós. Recomendou-nos que lêssemos um pequeno bilhete por Ele escrito que dispunha a seguinte recomendação: Filhos meus: Olhai para trás! Observai os obstáculos transpostos e as barreiras superadas. Vejais o aprendizado de seus dias passados e o quanto te tornaste humano. Olhai para frente! Estabeleceis metas e planos em suas trajetórias. A cada tropeço, aprendeis com os erros e levantai-vos. Prossigais, assim, com mais firmeza ainda. Olhai para os lados! Haverá sempre uma mão estendida procurando clemência, buscando piedade nos seus atos e fé nas suas atitudes. Olhai para baixo! Ajudeis a levantar quem se encontra caído e sozinho não consegue postar-se novamente. Lembrai- vos que quando caiu, uma mão amiga por Mim dirigida foi o lenitivo do seu levante. Olhai para dentro! Expulseis todo orgulho e inveja que por ventura possuís. Administrai esse coração que bate dentro de cada um esperando acelerar-se com as emoções de projetos humanamente possíveis. Olhai para cima! Há uma Criatura maior que você, maior que todos, de amor incondicional, que nada pede em troca do que faz. Não tem orgulho, não possui mágoa, não esbraveja quando você O esquece, não lamenta quando o seu erro é novamente cometido. Ama a todos indistintamente e não espera de nenhum a reciprocidade ou pagamento senão o reconhecimento de que todos se amem mutuamente. Benditos sejam os olhos dos que enxergam não só a beleza das paisagens, mas a necessidade de paz que a Humanidade tanto precisa.
Professor MSc. Manuel Ruiz Filho - Votuporanga - manuel-ruiz@uol.com.br