Esta semana li uma frase interessante e achei oportuno escrever algo sobre isso. A frase me deixou indignado e dizia o seguinte: “Que país é este que junta milhões numa marcha gay, outros milhões numa marcha evangélica, muitas centenas numa marcha a favor da maconha, mas que não se mobiliza contra a corrupção?” Então, isso parece merecer profunda reflexão. Por que será que grande maioria de pessoas facilmente se mobiliza quando o assunto é uma particularidade de alguns? Isso me deixa surpreso. A imprensa escrita e televisiva tem mostrado a calamidade que os párias engravatados continuam fazendo com esta Nação. A chefe da nação tem encontrado dificuldade de escolher para os ministérios pessoas sem manchas, pessoas honestas e sem resquícios de sacanagem. Logo que assumem os ministérios as fraudes aparecem e centenas de pessoas perdem seus avantajados salários pagos com o suor do rosto da classe trabalhadora. O que é pior, nenhum centavo é devolvido. Inventa-se uma punição enganadora e fica por isso mesmo. A frase a que me referi acima foi dita no começo deste mês por Juan Arias, correspondente no Brasil do jornal espanhol EL PAÍS. Veja você, é um estrangeiro indignado com o que acontece neste pedaço de chão. Não é um brasileiro suplicando clemências! É um alienígena preocupado com a indolência de um povo que mesmo saqueado não enxerga razões para tornar-se digno. Somos uma Nação embebedada pelos desmandos de meia dúzia de crápulas, especialistas em arregimentar votos trocados por favores medíocres apelidados de “bolsas”. Observe as manchetes dos jornais, os programas jornalísticos televisivos, os sites estampados nas telas dos computadores que você vai constatar e se sentir revoltado, envergonhado pelo que vai ler e ouvir. Pessoas inescrupulosas dizendo que a filmagem de um delito qualquer não é prova cabal para condenação do infrator. Que povo é esse que aceita um jogo sujo, sentindo-se inatingido pelas balas mortais da própria ignorância?! É uma questão de ótica. Somos cegos de olhos abertos. Somos analfabetos de lápis em punho. Somos escravos sem consciência. Já não sei mais o que somos! Nem sei se podemos reclamar! Repetimos o voto nos mesmos despreparados. Aceitamos de comum acordo ser assaltados todos os dias. Aceitamos um nível escolar totalmente desestruturado, despreparado, contribuindo para que nossas crianças se tornem verdadeiros idiotas infantis, consequentemente adultos acomodados. Realidade triste a nossa. Vivemos um verdadeiro ‘faz de conta’. Continuo indignado até não sei quando. E você? Aceita e se cala? Por que não fala? Tem medo ou está acomodado? Indolente? Sabe, se tivéssemos consciência do mundo que vamos deixar para nossos filhos e netos talvez sentíssemos vergonha desse legado sujo e de pouca esperança que eles terão de lutar para melhorar. Com certeza irão pagar um alto preço pelo que deixamos de fazer, mas estarão privados de sentir a amarga sensação de ter cruzado os braços diante de tanta indignação.
Professor MSc. Manuel Ruiz Filho
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