Na semana que passou tivemos a oportunidade de acessar a um artigo publicado pelo Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, Doutor Dimas Ramalho que reproduzo, aqui, um dos parágrafos, o que mais nos impressionou negativamente.
No Brasil do século 21, um dado persiste como denúncia de um fracasso coletivo: 29% da população entre 15 e 64 anos é considerada funcionalmente analfabeta. Esse percentual, revelado pelo Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), não apenas estagnou desde 2018 como retrocedeu em relação a 2009, quando o índice era de 27%. Entre os maiores de 50 anos, a situação é ainda mais dramática: metade desse grupo está nessa condição. É uma verdadeira tragédia nacional. Essa realidade escandaliza, mais do que uma lacuna educacional, uma espécie de exclusão social sistemática, que compromete a cidadania e o próprio desenvolvimento do país.
Ao observarmos, simplesmente, a idade objeto de análise constatamos que a questão da Educação, em nosso país, denota os equívocos de inúmeros e sucessivos desgovernos que, por ações equivocadas, contribuíram para a instalação do processo de exclusão social, degradação da cidadania e, por consequência, o enfraquecimento e destruição do desenvolvimento do país.
Alia-se a este quadro deplorável, o resultado das escolas brasileiras no processo de avaliação do ensino oferecido na Educação Básica Nacional (ensino fundamental e médio) que nos coloca, enquanto nação, em nível muito aquém do desejado, ou melhor, necessário para o desenvolvimento humano sustentável.
Se dedicarmos nossa atenção ao que foi apontado para a população com mais de 50 anos, em que me incluo enquanto idade, e que metade deste grupamento se encontra como analfabeto funcional, podemos, sem medo de errar, afirmar que os equívocos de políticas públicas inadequadas já ultrapassam meio século.
Se houvesse mínima seriedade com a Educação haveria a possibilidade de alteração do quadro em que vivemos. Desde a creche, infelizmente um caminho necessário para muitas famílias de baixa renda (vulneráveis economicamente) e sem a alternativa familiar para a atenção nos primeiros anos de vida, e especialmente na educação básica de qualidade, poderíamos ter um futuro.
Mas, como sempre ouvimos nos momentos da caça aos votos pelos nossos políticos, o Brasil é um país do futuro, as crianças são e serão este futuro, imaginado como brilhante. Mas, quando imaginamos uma olimpíada escolar nos lembramos da citação do saudoso Joelmir Betting: “o Brasil, em qualquer olimpíada educacional receberá a medalha de lata enferrujada pela inoperância de seus sucessivos gestores”, não é?