Mesmo com ameaça de greve dos professores, aulas presenciais foram retomadas nas escolas estaduais do município sem transtornos
Com uma série de protocolos sanitários, escolas estaduais de Votuporanga reabriram as portas (Foto: A Cidade)
Franclin Duarte
franclin@acidadevotuporanga.com.br
Mesmo com uma greve sanitária definida em assembleia pela Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) contra a retomada das aulas, as escolas estaduais de Votuporanga abriram normalmente as suas portas nesta semana.
O jornal A Cidade percorreu algumas escolas para ver como estava a retomada e também conversou com o diretor regional de ensino José Aparecido Duran Netto sobre a greve anunciada. Segundo ele, não houve o relato de paralisações nas escolas da cidade e nem nas das cidades vizinhas que fazem parte da área de abrangência da diretoria.
“Aqui em Votuporanga eu não tive nenhum relato de greve ainda, está tudo normal. Temos algumas pessoas afastadas por serem dos grupos de risco, mas está tudo tranquilo. Lógico que no primeiro dia sempre pode ocorrer algum transtorno, mas não tive o relato de nada grave, está tudo funcionando como esperávamos”, disse Duran.
Ainda segundo o dirigente regional de ensino, como o retorno dos alunos ainda não é obrigatório, cada escola fez um estudo da melhor estratégia para receber seus alunos dentro de um cenário onde a diretoria reduziu a capacidade de ocupação das salas de aulas.
“Na nossa fase [laranja] estava previsto trabalhar com até 35% da capacidade, mas para dar ainda mais segurança às crianças e nossos profissionais optamos por voltar, à princípio, com 20%. Desde o ano passado as escolas receberam álcool em gel, álcool líquido, sabonete, sabão, água sanitária, receberam mais de 40 mil máscaras para os alunos e profissionais, face shields, totens, enfim, todos os EPIs necessários ou dinheiro para comprar de acordo com sua necessidade. Algumas escolas também passaram por obras de adaptações, como torneiras automáticas para evitar o menor contato possível. Nos preparamos muito para este momento”, completou.
Escolas
O mesmo relato de tranquilidade na volta às aulas foi repassado à nossa reportagem durante a visita às escolas. De acordo com o vice-diretor da escolaSAB (Professora Sarah Arnoldi Barbosa),Ideam Cezare, não houve contratempos e os alunos demonstraram consciência em relação ao distanciamento social.
“Nós optamos por receber 15% da nossa capacidade nesse primeiro momento e fizemos todas as adaptações necessárias para garantir a maior segurança possível para nós e para os alunos. Tivemos um pouco de dificuldade no primeiro momento em relação ao distanciamento, por conta da ansiedade deles [alunos], mas todos já estão atentos aos protocolos e estão colaborando muito”, disse o vice-diretor.
O colégio passou por algumas adaptações estruturais, espalhou totens com álcool em gel e demarcou o solo em praticamente todas as alas e salas para garantir o distanciamento. No refeitório as mesas foram espaçadas e demarcadas de forma que apenas dois alunos se sentem e um em cada extremidade.
“Estamos todos com protetores faciais e seguindo todos os protocolos para que esse retorno seja o mais seguro possível”, completou.
Cícero
Diferente do SAB, no entanto, onde à princípio foram chamados os alunos que apresentaram dificuldades de aprendizagem ou vivem em situação de vulnerabilidade social, na escola Cícero Barbosa Lima Junior, a direção optou por trazer todos os alunos de volta para a instituição, porém divididas em turmas diárias com ocupação de 20% da capacidade.
“Vamos acolher a escola por completo, porém com um rodízio de 20% por dia em formato híbrido (presencial e online), dando oportunidade para todos. Com essa quantidade de alunos está bem tranquilo, a única dificuldade, até o momento, tem sido a falta de funcionários, por exemplo, nós temos três agentes de serviços e duas são grupo de risco, portanto temos apenas uma pessoa para ajudar nos protocolos, mas estamos nos reinventando”, disse a diretora Carmem Silvia Bigaran Viana.
Além de todas as medidas e protocolos de segurança sanitária a escola também dividiu o horário de intervalo, o popular recreio, para evitar aglomerações nos pátios e criou um grupo de alunos acolhedores, que tratam das ações de segurança na linguagem dos demais colegas.
“Esses alunos foram distribuídos de acordo com o dia em que eles virão para a escola e estão reforçando, dentro de suas respectivas turmas, todos os protocolos, o que é feito também nos grupos de redes sociais, com vídeos de orientação”, completou a vice-diretora AngelaChiquineli.
Obrigatoriedade
O retorno presencial às aulas não é obrigatório em nenhuma escola do Estado de São Paulo, porém, os alunos que não puderem acompanhar as aulas nas escolas devem fazê-las remotamente no Centro de Mídias da Educação de São Paulo.