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Cidade
Com a ‘MP do etanol’, preço do combustível pode cair em Votuporanga
Medida provisória altera a Lei do Petróleo, permitindo que produtores vendam etanol diretamente aos postos, sem passar pelas distribuidoras
Gerente Thais Carneiro disse que ‘etanol genérico’ pode ser bom para consumidor, mas a gerente Karoline Marques discorda; motorista de aplicativo Everton da Silva sente aumentos ‘na alma’ (Fotos: A Cidade)
Da redação
Nesta semana, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) assinou a MP (Medida Provisória) que ficou conhecida como “MP do etanol”. Essa medida altera a Lei do Petróleo, permitindo que os produtores vendam etanol diretamente aos postos de combustíveis “bandeirados”, sem passar pelas distribuidoras.
Na prática, essa MP permitiria que postos de bandeira vendessem “etanol genérico”, que, em tese, seria mais barato que o etanol da bandeira do posto. Só que como a publicação do texto da medida ainda está recente, não há mudanças definidas para Votuporanga. É o que explicou Thais Carneiro, gerente do Auto Posto Liberdade, ao jornal A Cidade.
“Todos os postos bandeirados têm contrato com a Petrobras. Então, a gente, de imediato, não pode comprar ainda. Para Votuporanga, ainda não muda nada. É uma coisa que saiu essa semana e a gente ainda não tem nada definido ainda como que vai ser. Pode ser que semana que vem eu já consiga comprar [etanol] lá direto da refinaria”, disse a gerente.
Impactos
Os impactos dessa mudança na forma de comercializar etanol no bolso do consumidor final dividem opiniões no município.
Para Thais, por exemplo, ao comprar o combustível direto das usinas, o posto poderia vendê-lo a um preço menor, em comparação ao etanol repassado pela sua respectiva bandeira. “É o mesmo combustível, é a mesma qualidade, porém com um valor muito mais acessível. Coisa de 20% a menos”, explicou Thais.
Já Karoline Marques, gerente do Auto Posto Aliança, não encara a mudança com bons olhos e acredita que o consumidor final pode ser prejudicado mais uma vez. “Alguma coisa vai acabar sobrando para o consumidor final. Tudo que faz, todas as mudanças, é sempre o consumidor que vai ser o maior prejudicado. E vai ter aumento. Aí junta a seca, a fase atual da economia, junta tudo. Não tem para onde correr”, disse ela.
Contexto
Além da publicação da MP, outro acontecimento importante marcou o mercado de combustíveis: mais uma alta da gasolina (leia mais sobre isso no final desta reportagem). Neste contexto de mudanças e aumentos, as vendas despencam nos postos. Sobre isso, Thais e Karol concordam.
“As vendas estão despencando, porque, como o combustível está muito caro, as pessoas estão deixando de sair. Eu, por exemplo, ia duas ou três vezes para Rio Preto, de fim de semana. Agora, estou passando meses sem ir. As vendas caíram mais de 30%”, contou a gerente.
Segundo Karol, os clientes se sentem injustiçados com as altas dos combustíveis. E ficam revoltados. “A gente não consegue acompanhar. Tem vez que você paga um valor pelo combustível, aí dois dias depois já sobe. Afetou muito as vendas. Caiu muito. Nos últimos oito meses, as vendas caíram 40%”, disse a gerente.
Alta da gasolina
A Petrobras aumentou o preço da gasolina em 3,3% nesta semana. Este foi o segundo aumento consecutivo, após o corte realizado em junho.
Em valores, segundo a estatal, o reajuste médio foi de nove centavos por litro. Com isso, o preço da venda nas refinarias subiu para R$ 2,78. E até chegar aos postos de combustíveis, o valor aumenta ainda mais, por conta dos impostos e margens dos distribuidores e postos.
Ninguém ficou feliz com este aumento. Mas Everton de Souza da Silva contou à reportagem que sente essas altas “na alma”. Isso porque ele é motorista de aplicativo, em Votuporanga.
“Fica cada vez mais difícil. Porque os combustíveis e outros custos sobem, enquanto a taxa do nosso serviço só abaixa. Parece que só o nosso serviço que não é valorizado, então fica difícil trabalhar”, disse o motorista.
Ele também contou que mesmo com as altas consecutivas da gasolina e a “MP do etanol”, vai continuar abastecendo seu carro com gasolina. Segundo ele, o etanol ainda não compensa.
“O etanol, além do preço estar mais alto, parece, para mim, que a qualidade está piorando. Então eu prefiro abastecer com gasolina porque é mais difícil de dar problema e rende mais”, disse Everton.
Cancelamentos
Por conta das altas consecutivas dos combustíveis, os motoristas de aplicativo têm cancelado corridas com mais frequência. E Votuporanga não ficou de fora dessa tendência. Tanto que Everton chegou a cancelar uma, enquanto conversava com a reportagem.
“Está puxado. A gente está cancelando muita corrida. Agora mesmo acabei de rejeitar uma. Preferi ficar aqui, conversando, do que ir lá. A pessoa está lá esperando. Provavelmente vai aparecer um carro mais próximo. E Votuporanga é pequena. Em São Paulo, muitos Ubers têm cancelado corridas. Aqui em Votuporanga acontece isso também”, disse o motorista.
Notícia publicada no site: www.acidadevotuporanga.com.br
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