Jesus Silva Melo, um dos primeiros engenheiros atuar no município, avalia as obras do passado e do presente em Votuporanga
Jesus Silva Melo recebeu a reportagem do A Cidade em sua casa e falou sobre a importância do traçado para o desenvolvimento de Votuporanga (Foto: A Cidade)
Franclin Duarte
franclin@acidadevotuporanga.com.br
Jesus Silva Melo, um dos primeiros engenheiros a se estabelecer em Votuporanga, no entanto, diz que o maior patrimônio arquitetônico e urbanístico do município está em seu traçado, que foi e, em sua visão, ainda é propício para o desenvolvimento local. Os prédios e construções, muitas delas aliás, que partiram das mãos de Silva Melo, para ele, fazem parte da história, enquanto o traçado é responsável pelo presente e também futuro.
O engenheiro chegou a Votuporanga com sua família em 1942, quando ainda era criança. Seu avô, Augusto Duó, procurava uma cidade progressista para se estabelecer e viu essa característica nas terras votuporanguenses, que já recebiam os trilhos da estrada de ferro, que na época era sinônimo de desenvolvimento.
Assim os Silva Melo se mudaram para cá e se estabeleceram com uma alfaiataria, enquanto os Duó com bar hotel e também na lavoura. Jesus teve sua infância em Votuporanga e, inclusive, participou do primeiro grupo escolar da cidade, que hoje é a Escola Estadual Uzenir Coelho Zeitune.
Para concluir os estudos, porém, o engenheiro se mudou para Campinas, onde concluiu o segundo grau e posteriormente ingressou na Escola de Engenharia de São Carlos, da Universidade de São Paulo, onde se formou com especialidades em edifícios e grandes estruturas, além de planejamento urbano.
“Depois que me formei a falta de engenheiros no Brasil era muito grande e eu tinha propostas para trabalhar na Petrobras e em outras grandes companhias não só no país como no exterior, mas por questão de amor, fiquei na cidade”, contou.
O traçado
Para o engenheiro Votuporanga sempre teve um crescimento considerável, mesmo em meio às crises nacionais, graças a um planejamento urbanístico bem feito. Assim como todas as demais cidades do país, contudo, ainda há o que se melhorar.
“Algumas questões políticas ao longo de sua história, como acontece em todo país, deixaram para trás algumas situações urbanísticas que não poderiam ser deixadas, mas, no geral, o seu traçado fez toda a diferença para o desenvolvimento. Suas avenidas, citando como exemplo a Prestes Maia e a Antônio Augusto Paes, foram pontos primordiais para que Votuporanga não ficasse ‘presa’ naquele quadrilátero inicial. Esse traçado deu um valor urbanístico muito grande para a cidade”, disse.
Boa parte desse trabalho de planejamento urbanístico, aliás, partiu das mãos de Jesus Silva Melo, que foi o responsável pelo setor de obras e engenharia da Prefeitura nas gestões diferentes prefeitos. Na administração de Dalvo Guedes (em memória), juntos eles instituíram conceito de Plano Diretor e de Administração Indireta com a criação da Saev.
“Tenho grande satisfação de poder ter ajudado um pouco e ter trazido não só a parte de legislação, mas também na parte de engenharia e planejamento da cidade. Muita coisa ainda ficou faltando fazer, mas fico feliz em ter contribuído”, completou.
Como engenheiro civil e profissional ligado ao planejamento Jesus projetou e executou várias obras para os poderes públicos e também na construção civil, no setor privado, no campo de projetos, administração e execução de obras, como pontes, residências, prédios públicos, estabelecimentos comerciais e industriais na cidade e região. Os principais exemplos são Frigorífico 4 Rios, Votuporanga Clube, os lagos doAssary e residenciais em Votuporanga, Fernandópolis, como os edifícios Guarnieri e Rinaldo Rapassi.
Além disso, com a ajuda de outros profissionais, fundou em 20 de junho de 1979 a Searvo (Sociedade dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Votuporanga).