Esta quinta-feira (30) é o dia dos profissionais que, no ‘mundo físico’, são responsáveis por entregarem as informações aos assinantes do jornal
O jornaleiro Alexandre de Souza entrega exemplares do jornal A Cidade usando a sua bicicleta desde 1999, há 22 anos (Foto: A Cidade)
Pedro Spadoni
pedro@acidadevotuporanga.com.br
Em tempos de sites e redes sociais, é a internet que, nesse “mundo virtual”, entrega as informações aos nossos celulares e computadores. Já no “mundo físico”, os jornaleiros são os profissionais responsáveis por, literalmente, entregar as informações aos assinantes dos jornais. E nesta quinta-feira (30), o dia é dedicado a eles. É o Dia do Jornaleiro.
O jornal
A Cidade conta com uma equipe de três entregadores: Alexandre de Souza, que entrega desde 1999; José Luís Martins, que integra a equipe desde 2019; e Marcos Dias Godoi, que entrega desde 2015. Cada um é responsável por cobrir um setor de Votuporanga, para que os exemplares cheguem às casas dos assinantes a tempo.
Vivência
No caso de Alexandre, o jornaleiro contou à reportagem que prefere, até hoje, usar sua bicicleta para percorrer a cidade e entregar os exemplares, já que nunca gostou de motos e as considera mais perigosas.
Quando a maioria das pessoas estão dormindo e a cidade está quieta, seu expediente começa. Ele chega ao jornal por volta da meia-noite. “Na gráfica, eu fico na parte de expedição, dobrando os jornais. Eu saio [para entregar] lá pelas 2h ou 2h30”, contou.
O trabalho de entrega se estende, em média, até as 6h. E essas pouco mais de duas décadas entregando exemplares de madrugada renderam algumas histórias ao jornaleiro.
“Já aconteceu de motoqueiro, fugindo da polícia, bater na minha bicicleta e quebrar. Eu estava na calçada e ele veio na [rua] Pernambuco, na contramão. Como a polícia fechou a rua, ele subiu [na calçada] e passou por onde eu estava. A moto pegou no meu pedal. Eu passava por um prédio e precisei subir na grade. Tive que terminar de entregar [os jornais] empurrando [a bicicleta]”, contou Alexandre.
Quando perguntado sobre o que mais gosta no seu trabalho, ele respondeu que é fazer um expediente enquanto a cidade está tranquila. “Eu gosto de entregar [estando] sozinho, porque é mais tranquilo”, contou.
História
Especula-se que a profissão de jornaleiro já conte, aproximadamente, com mais de 150 anos de existência no Brasil.
No princípio, o papel de distribuir jornais cabia aos escravos, que os vendiam pelas ruas enquanto gritavam as principais manchetes do dia como modo de atrair a atenção dos transeuntes. O primeiro jornal a ser vendido avulso foi o "A atualidade", em 1858.
No início do século 20, os jornaleiros já contavam com cavalos, que aceleravam seu trabalho. Todos os dias, os jornaleiros levavam as notícias do dia ao público, oferecendo, de mão em mão, os jornais nas ruas centrais das cidades.
De origem principalmente italiana, os jornaleiros evoluíram das ruas para caixotes, com uma madeira em cima, onde os jornais eram organizados para a venda. O primeiro ponto fixo para a venda de jornais foi construído por Carmine Labanca, imigrante italiano, na cidade do Rio de Janeiro. É dele que se origina o termo “banca”, como sinônimo para esses pontos de venda.
Em 1910, os caixotes evoluíram para estruturas de madeira mais complexas. Já na década de 1950, as bancas de madeira começaram a ser substituídas por outras, de metal, perdurando os periódicos até os dias de hoje nos mesmos moldes.