Apae, Recanto Tia Marlene e Idav uniram esforços para continuarem amparando as pessoas com deficiência em Votuporanga
Taiza da Costa, da Apae local; Rosane Lim, do Recanto Tia Marlene; e Neide Hengler, do Idav, falaram sobre os trabalhos das instituições (Foto: A Cidade)
Pedro Spadoni
pedro@acidadevotuporanga.com.br
Para algumas pessoas, esta terça-feira (21) é apenas um dia comum. Para outras, é um dia muito significativo. Isso porque celebra-se, hoje, o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência. O marco faz parte da campanha que colocou mais uma cor neste mês: Setembro Verde, que visa a inclusão social das pessoas com deficiência.
Para falar sobre este contexto e os trabalhos realizados em Votuporanga voltados a este público, vieram aos estúdios da rádio
Cidade FM: Taiza Silva Pereira da Costa, psicóloga da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Votuporanga; Rosane Lim, diretora pedagógica do Recanto Tia Marlene, que estava acompanhada no Leonardo, do setor administrativo da instituição; e Neide Hengler, coordenadora do Idav (Instituto do Deficiente Audiovisual de Votuporanga).
“Trabalhamos e nos esforçamos na luta, na defesa, na garantia dos direitos dessas pessoas. Seja a Apae, o Idav ou o Recanto Tia Marlene. Votuporanga conta, hoje, com essas três instituições que se desdobram no cuidado dessas pessoas e na defesa dos direitos, garantindo tudo que é previsto na lei brasileira de inclusão”, disse Taiza.
Ao todo, as instituições atendem 260 votuporanguenses: 165 na Apae, 67 no Recanto Tia Marlene e 28 no Idav.
Inclusão
De acordo com a psicóloga Taiza, a campanha Setembro Verde existe há seis anos e surgiu numa Apae do interior do estado de São Paulo. “A campanha Setembro Verde teve início no ano de 2015. Foi uma iniciativa da Apae de Valinhos, na época, e a Federação do Estado de São Paulo instituiu essa campanha como um movimento no estado todo. Alguns outros estados brasileiros apoiam também a causa. E a Apae de Votuporanga também se envolve nesse movimento ao longo do mês de setembro”, contou.
Em Votuporanga, existe uma lei municipal recente que reforça o apoio à campanha. É a lei nº6.055, sancionada em 2017, que, segundo a psicóloga da Apae, apoia todas as iniciativas voltada ao Setembro Verde.
Quando se fala sobre inclusão das pessoas com deficiência, umas das primeiras associações que se faz é ao mercado de trabalho. Mas o Leonardo, do Recanto Tia Marlene, apontou que a questão vai além disso.
“A inclusão não diz respeito só a incluir no mercado de trabalho, mas possibilitar com que essas pessoas possam ter a possibilidade de experimentar a vida na sua integralidade”, disse.
Contexto
A psicóloga disse que, no geral, o contexto das pessoas com deficiência teve avanços, com melhorias em relação à discriminação e exclusão social. Mas disse que “é preciso avançar sempre” e ressaltou a necessidade de investimentos e defesa dos direitos dessas pessoas.
Já Leonardo fez algumas ressalvas sobre isso. “Apesar de existir uma garantia legal de todos esses direitos, nós estamos aqui [na rádio] porque essas garantias estão no papel, mas, na efetividade, não [estão]. Então o terceiro setor vem para cumprir o papel que muitas vezes o Estado não cumpre, mesmo sendo obrigado, pela Constituição e Estatuto da Criança e do Adolescente”, explicou.
Para ele, as pessoas com deficiência precisam de “um olhar de integração”. E a campanha do Setembro Verde ajuda nisso também. “O Setembro Verde vem para isso, dar espaço para a nossa voz, para que as pessoas entendam que esse trabalho envolve muito mais do que mercado de trabalho e captação de recursos”, explicou.
No caso de Votuporanga, ele disse que o município está “bem articulado” nessa questão. Porém, os recursos para essas instituições ainda são escassos. Por isso, elas organizam atividades e campanhas de arrecadação.
“Temos uma lista de espera, porque, além do apoio do poder público, trabalhos com recursos próprios. No caso, para a gente atender mais pessoas, a gente teria que ter mais dinheiro. E é complicado. Então, a gente vive de doações. As pessoas doam tanto dinheiro quanto alimentos. Algumas empresas de Votuporanga fazem campanha para arrecadar dinheiro para as nossas instituições”, contou Neide, do Idav.
Famílias
A psicóloga Taiza contou que o trabalho de conscientização sobre as especificidades (e potencial) das pessoas com deficiência também é feito com as famílias delas.
“O nosso trabalho, neste mês, está voltado a incentivar essas famílias a acreditar, inclusive, na pessoa com deficiência que têm em casa. Potencializá-los, aprimorar essas competências parentais para desenvolvê-los, buscando sempre a independência funcional dessa pessoa, a autonomia, respeitando o princípio da dignidade humana”, disse.
Quem ecoou essa fala foi Rosane Lim, do Recanto Tia Marlene. “Agora, a ênfase é para o Setembro Verde, mas nós sempre trabalhamos para incentivar e amparar essas famílias para elas acreditarem que é possível, sim, aquele aluno conseguir algo melhor para a sua vida”, explicou.